Virou rotina. De tempo em tempo, a empresa chilena CMPC anuncia o maior investimento privado no Rio Grande do Sul. Foi assim em 2012, quando ainda era chamada de Celulose Riograndense e realizou um aporte de R$ 5 bilhões para triplicar a capacidade de produção na unidade de Guaíba, na Região Metropolitana, que atualmente, tem capacidade para 2,4 milhões de toneladas de celulose por ano.
Agora, serão cerca de R$ 23,5 bilhões (correspondente a US$ 4,6 bilhões na cotação desta segunda-feira) para construção de um novo parque industrial em Barra do Ribeiro, com capacidade estimada em 2,5 milhões de toneladas anuais de celulose. O investimento deverá promover a abertura de 12 mil postos de trabalho nas obras e 1,5 mil na operação.
A informação, antecipada pela colunista de Zero Hora, Giane Guerra, na semana passada, foi confirmada na tarde desta segunda-feira (29), durante a assinatura do protocolo de intenções com o governo do Estado. Os recursos, conforme explicou o presidente do Conselho das Empresas CMPC, Luis Felipe Gazitúa, acontecerá em quatro eixos.
Denominado de Natureza CMPC, o projeto prevê, além da fábrica em Barra do Ribeiro, o estímulo e ampliação das áreas de plantio de eucalipto, com o fomento a produtores rurais em 80 munícipios do Estado. Também há o compromisso de promover um programa de qualificação de mão de obra e priorizar a contratação de fornecedores gaúchos e a implementação de uma série de melhorias logísticas para facilitar o acesso a futura planta.
— Estamos há 15 anos no Estado e investimos no Rio Grande do Sul atraídos pela sua inovação estratégica, a profunda vocação industrial e o potencial florestal, somados a segurança jurídica e institucional — declarou o executivo da companhia que possui 40 unidades em operação, em 12 países, e mais de 25 mil colaboradores ao redor do mundo.
Segundo ele, a escolha de Barra do Ribeiro, município de 12,5 mil habitantes a 60 quilômetros de Porto Alegre, ocorreu em razão da sede da Fazenda Barba Negra, onde será mantido um parque florestal a partir de um viveiro de mudas da companhia anexado a um centro de pesquisas de aprimoramento genético do eucalipto e estudos sobre a fauna e flora da região.
— Vamos fazer algo inovador e com tecnologias de produção amigáveis ao meio ambiente, em gestão de resíduos, controle da emissão de gases e uso racional de recursos. Tudo será desenvolvido com o máximo respeito à natureza e à população do município de Barra do Ribeiro. Seremos referência mundial em sustentabilidade — explicou o CEO do Grupo CMPC, Francisco Ruiz-Tagle, ao lembrar que o objetivo é tornar este local uma referência em preservação, biodiversidade, estudos ambientais e promover o contato das pessoas com a flora e a fauna nativas de maior relevância para o Estado.
Investimentos em rodovias e acessos
No protocolo de intenções, assinado pelo governador Eduardo Leite e por Luis Felipe Gazitúa, a companhia e o Estado comprometem-se a realizar diversas obras de melhorias na infraestrutura do Rio Grande do Sul como a duplicação de 376 quilômetros da BR-290, entre Eldorado do Sul e Rosário do Sul, e a finalização da duplicação do trecho sul da BR-116.
— Hoje temos um Estado saudável, que investe, que tem as contas em dia e que por isso é local seguro para o investimento. Estamos falando do maior investimento já feito por uma empresa individualmente no Estado do Rio Grande do Sul, na história desse Estado. É disso que nós estamos falando hoje — fez questão de destacar em sua fala o governador Eduardo Leite, ao lembrar que ainda estão previstas obras de pavimentação asfáltica e melhorias em trevos de acesso em municípios onde a CMPC possui operação florestal.
Com a meta de facilitar o fluxo de caminhões e reduzir a utilização de áreas urbanas e os transtornos às cidades, serão construídos novos acessos rodoviários para o porto de Pelotas e para a Fazenda Barba Negra. O acordo também prevê a instalação de um novo Terminal de Uso Privado (TUP) no Porto de Rio Grande. Para isso, serão necessárias obras de dragagem e de ampliação da capacidade de armazenagem e operação da CMPC nos portos de Rio Grande e Pelotas.
Por essa razão, há previsão da ampliação do uso das hidrovias do Rio Grande do Sul, modal em que hoje a CMPC responde por 44% do volume total transportado pelas águas, considerado o menos agressivo ao meio ambiente.
O que a companhia prevê
- Uma nova planta industrial em Barra do Ribeiro.
- Um parque florestal a partir de um viveiro de mudas da companhia anexado a um centro de pesquisas de aprimoramento genético do eucalipto e estudos sobre a fauna e flora da região de Barra do Ribeiro.
- Novos acessos rodoviários para o porto de Pelotas e para a Fazenda Barba Negra, onde ficará a nova unidade em Barra do Ribeiro.
- Instalação de um novo Terminal de Uso Privado (TUP) no Porto de Rio Grande, além da ampliação de capacidade operacional da estrutura já existente na cidade e em Pelotas, com aumento do espaço para armazenagem e realização de obras de dragagem.