Um dos maiores investimentos da história da indústria automobilística no Brasil está sendo confirmado nesta quinta-feira (25) em Goiana, Pernambuco. Tudo é superlativo: a Stellantis, que abriga cerca de 15 marcas, entre as quais Fiat, Jeep, Peugeot, Citroën e RAM, vai destinar para sua maior unidade nacional R$ 13 bilhões dos R$ 30 bilhões que planeja aplicar no Brasil até 2030.
E o investimento recorde tem potencial para marcar uma virada na produção automotiva no Brasil: o foco não é aumento de capacidade. O maior aporte será na instalação de plataformas flexíveis, capazes de montar carros com todo tipo de motorização, da combustão até o elétrico puro, disse Emanuele Cappellano, presidente da Stellantis América do Sul a um grupo de jornalistas, entre os quais a que assina esta coluna.
O projeto que a Stellantis batizou de Next Level, ou Próximo Nível, é uma resposta para um dilema da indústria: precisar evoluir para a transição energética, mas ainda não saber o que o cliente vai querer ou o que poderá pagar. A aposta do conglomerado de marcas é "bio-hybrid", ou seja, híbridos que também rodam com etanol.
— Conjugar híbridos e motores flex etanol custa menos e dá mais eficiência na redução de CO2. O problema é que um carro elétrico custa hoje US$ 10 mil a mais do que um tradicional. Quem pode sustentar um tecnologia que custa R$ 55 mil a mais no Brasil? É muito difícil — disse um sincero Cappellano.
É por isso, afirmou, que a montadora está desenvolvendo um projeto que contemple tecnologia e descarbonização que caiba no bolso das famílias brasileiras e prevê o lançamento de 40 novos modelos até 2030. O objetivo global da Stellantis é se tornar uma empresa de tecnologia de mobilidade carbono líquido zero até 2038, com compensação de até um digito percentual das emissões restantes.
— Estamos entrando em um ciclo de investimento muito forte, também focado na eficiência do processo produtivo — acrescentou.
— A competição é muito forte, não somente local mas com novos competidores que vêm de fora. Temos uma proposta de custo muito competitiva para dar sustentação à oferta de veículos. O mercado do Brasil hoje é de 2,3 milhões ao ano, mas o potencial é muito maior. O ponto é o custo mais acessível.