A saída da Ford do Brasil, em 2021, deixou um gosto tão amargo quanto o de seu abandono do Rio Grande do Sul, no século passado. Mas dois anos e quase quatro meses depois, parte do espaço foi ocupado por outra montadora: a Great Wall Motors (GWM) está desembarcando no país com investimento de R$ 10 bilhões e geração estimada de mil empregos.
Quem circula por países latino-americanos banhados pelo Pacífico já conhece a marca, que chega aos portos direto da China, onde nasceu em 1984 na cidade de Baoding, província de Hebei. Hoje, atua em cerca de 60 países e acumula vendas ao redor de 5 milhões de SUVs (utilitários esportivos) e 2 milhões de picapes.
Ao apresentar na quinta-feira (27), as montadora de Iracemápolis (SP), a GWM já avisou que o início da produção, previsto para este mês, ficou para 1º de maio de 2024 - atraso de cerca de ano em relação ao previsto. A unidade havia sido comprada em agosto de 2021 da Mercedes-Benz e, depois da adaptação, vai produzir picapes e utilitários esportivos (SUVs) com motorização híbrida com motor flex (gasolina e/ou etanol) e veículos elétricos plug-in, com bateria carregada na tomada.
Na apresentação do projeto, o vice-presidente e ministro da Indústria, Comércio e Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, fez uma frase que, embora seja típica de discursos de inauguração, resume a mudança na orientação da indústria que não se resume a trocar montadoras americanas por chinesas:
— A neoindustrialização do Brasil passa pela descarbonização e pela inovação, pela criação de meios de produção mais sustentáveis e eficientes. Há sinergia entre esse projeto de desenvolvimento de tecnologia da indústria automotiva brasileira conduzido pela GWM e o pensamento do governo brasileiro.
Curiosidade: a rede de revenda da GMW no Brasil já está estruturada. No Estado, a marca será a 11ª representada pelo Grupo Iesa.