Mercado que avança a passos lentos no Brasil, na comparação com o dos países desenvolvidos e até emergentes mais acelerados, o de veículos elétricos ganhava velocidade, mas vai encontrar quebra-molas no caminho.
Os preços haviam começado a cair, mas está previsto início da cobrança de Imposto de Importação - como no caso dos modelos a combustão - de forma gradual, a partir de 2024. Em janeiro, já salta de zero para 10%, em julho vai a 19% para chegar a 35% em 2026.
O retorno da cobrança de alíquota de importação de 35% foi anunciado em novembro pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. O argumento foi "desenvolver a cadeia automotiva nacional, acelerar o processo de descarbonização da frota brasileira e contribuir para o projeto de neoindustrialização do país". Uma das intenções do gradualismo é dar tempo para poder planejar e executar a produção de eletrificados em território nacional.
A regra vale para elétricos "puros", híbridos (bateria carregada só pelo movimento do motor de combustão) e híbridos plug-in (com motor de combustão, mas podem ter bateria recarregada na tomada).
O ponto é que, hoje, não há qualquer produção de veículos elétricos no Brasil. A empresa que deve abrir esse caminho é a chinesa BYD, na planta que pertenceu à Ford em Camaçari (BA). Mas a fabricação efetiva só deve iniciar em fevereiro, afirmou em Porto Alegre, na semana passada, a vice-presidente global da marca, Stella Li.
Mas entre começar a produção - a BYD busca fornecedores nacionais de componentes em sua peculiar velocidade acelerada - e chegar ao mercado, ainda ser preciso algum tempo, supondo que esse objetivo ambicioso seja alcançado. Outra montadora que anunciou planos de produção nacional de elétricos é a Stellantis, que concentra as marcas Fiat, Jeep, Citroën, Peugeot e RAM, também a partir do próximo ano na fábrica de Goiana (PE).
Mas enquanto esse movimento não cresce, é possível que, em vez de se acelerar, o ritmo já lento de eletrificação da frota diminua por algum tempo. Para lembrar, o percentual de elétricos e híbridos na frota nacional está pouco acima de 3%, enquanto na China já encosta em 40%.