Depois de chegar a R$ 5,665 em 2 de julho, o dólar havia se acalmado com promessas de cortes de gasto, mas nesta quarta-feira (24) voltou a esse patamar. Fechou em R$ 5,658, resultado de alta de 1,29%.
No dia, pesaram no mau humor do mercado maus desempenhos de gigantes da tecnologia, que fizeram a bolsa especializada Nasdaq despencar 3,64%.
]Uma das maiores quedas foi nas ações da Tesla – de Elon Musk – que caíram 12,3% depois que o balanço do segundo trimestre apresentou lucro 45% abaixo do período anterior.
O que vem pressionando o mercado de câmbio nesta semana é a queda global no preço de matérias-primas básicas (commodities), como petróleo e ferro.
Como o Brasil é grande exportador desse tipo de mercadoria, a lógica econômica é que vai obter menos receita em dólares na venda e, em consequência, haverá menos moeda americana disponível.
Não que isso signifique um grande problema para o Brasil, mas é mais um uma gota no oceano de preocupações. Na semana passada, a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), reduziu sua projeção para o saldo da balança comercial no final do ano. Mas foi de US$ 92,8 bilhões para US$ 77,1 bilhões, ainda um resultado positivo robusto.
Claro, o risco fiscal não desapareceu do cenário. Ainda há suspense sobre o anúncio de onde o governo vai cortar - é bom lembrar que bloqueios e contingenciamentos não afetam gastos obrigatórios, como salários -, o que só será apresentado na próxima terça-feira (30).
Também há certa desconfiança sobre as reiteradas declarações dos técnicos da equipe econômica de que, na pior das hipóteses, o rombo deste ano chegará ao limite inferior da margem de tolerância, de R$ 28,8 bilhões ou 0,25% do PIB.
Os fatores de pressão no mercado
Queda nas commodities: nos últimos dias, foi o que preponderou, com redução nos preços de matérias-primas básicas. Para o Brasil, significa menos receita em dólares, embora o país siga com sólida projeção de saldo positivo na balança comercial.
Demora no início de cortes de juro nos EUA: a taxa alta lá e mais baixa aqui diminui a atratividade de investimentos no mercado financeiro no Brasil, e investidores resgatam aplicações aqui para migrar para mercados mais lucrativos.
Ajuste fiscal: o anúncio de cortes já neste ano e planejamento antecipado de redução de despesas para o próximo ano chegou a proporcionar algum alívio, mas não duradouro. Ainda há forte ceticismo de que o governo vai entregar o resultado dentro da meta ou da margem de tolerância de 0,25% do PIB.
Conflitos e eleições pelo mundo: conflitos entre Rússia e Ucrânia e entre Israel e Hammas elevam incertezas, assim como eleições. As dúvida sobre a eleição nos EUA aumentou com a desistência de Joe Biden e sua virtual substituição por Kamala Harris.