Atualização: a pedido da coluna, o Itaú atualizou os dados. O texto abaixo já considera os novos valores.
Não há dúvida de que o programa federal de ajuda ao Rio Grande do Sul é ambicioso, acima até do que muitas das expectativas. Levantamento do banco Itaú situa o total da ajuda federal já anunciada em R$ 113,6 bilhões (veja detalhamento abaixo). Mas basta olhar o destino dos valores para perceber que ainda está longe de atender a todas as necessidades do Estado.
Não estão incluídos nessa medidas, por exemplo, os custos da reconstrução da infraestrutura do Estado, apenas para citar uma das cifras já estimadas entre R$ 70 bilhões e R$ 90 bilhões. - para lembrar, apenas com rodovias, energia, comunicações, água e saneamento, sem contar moradias, escolas, hospitais e estruturas urbanas.
Enquanto se cristaliza a percepção de que a tragédia no Rio Grande do Sul tem como melhor comparação o furacão Katrina, que arrasou New Orleans e outras cidades do sul dos Estados Unidos, estimativas ainda informais no entorno do governo do Estado já alcançam a casa de R$ 200 bilhões.
Outro desafio imenso no ambicioso plano federal - em relação ao qual os gaúchos devem ser tão agradecidos quanto vigilantes - é o ritmo da liberação dos recursos. No setor privado, já existe inquietação com o mínimo de controles necessários para direcionar doações e projetos com o menor desperdício possível, para projetos muito mais focados.
No volume que a União pretende operar, esses controles são ainda mais indispensáveis, porque se há algo inadmissível, neste momento, é tolerar qualquer desvio frente à urgência e à gravidade do socorro e da reconstrução. Como reclamou o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva na quarta-feira (17), casas prometidas para os moradores do Vale do Taquari em setembro ainda não foram entregues.
Então, será preciso conciliar o desafio da velocidade: rápido o suficiente para chegar a tempo, controlado o bastante para evitar o mau uso dos recursos, por qualquer fator, do melhor custo/benefício ao freio a descaminhos e aproveitamento indevido.
Também falta, como admitiu o ministro Paulo Pimenta, um programa de ajuda para empresas. Diferentemente da pandemia, o impacto não é uniforme: algumas estão operando com normalidade, outras enfrentam perda total, de estoque, equipamentos, sede. O caminho da reconstrução será longo, mas se a largada foi bem planejada, ajudará a encurtar o caminho.
A previsão dos recursos federais até o final de 2024
Com impacto na dívida da União: R$ 15,3 bilhões
- Suspensão dívida União R$ 1,8 bilhão
- Parcelas adicionais seguro-desemprego R$ 500 milhões
- Importação 1M tonelada arroz R$ 700 milhões
- Emergenciais R$ 3,8 bilhões
- Pronampe / Pronaf/ FGI-PEAC R$ 7 bilhões
- Fundo estruturação de projetos R$ 200 milhões
- Inclusão de 21 mil famílias no bolsa família R$ 100 milhões
- Vale R$ 5,1 mil para 240 mil famílias R$ 1,2 bilhões
Medidas sem impacto na dívida (antecipações e adiamentos): R$ 98,3 bilhões
- Diferimento tributos federais R$ 45 bilhões
- Abono salarial R$ 800 milhões
- Bolsa Família maio R$ 400 milhões
- Autorização crédito aval da União R$ 1,8 bilhão
- Suspensão FGTS R$ 2,5 bilhões
- Saque FGTS R$ 6,2 mil R$ 15,8 bilhões
- Alavancagem Pronampe/FGI-PEAC R$ 32 bilhões
Fonte: Itaú
PARA LEMBRAR: na urgência e na reconstrução, será necessária toda a ajuda disponível e mobilizável, por menor que seja. Se for grande, melhor ainda. Se puder, por favor, contribua. Saiba como clicando aqui