Publicada nesta terça-feira (14), a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) registra avaliações feitas na quarta-feira da semana passada (8), quando o encontro foi encerrado. Antes, portanto, das primeiras estimativas sobre o impacto da tragédia no Rio Grande do Sul na atividade econômica do Estado e do país.
Mesmo assim, os diretores acrescentaram, no final do item 12, uma observação sobre o problema: "A tragédia no Rio Grande do Sul, além dos seus impactos humanitários, também terá desdobramentos econômicos e o Comitê seguirá acompanhando".
O item 12 não se refere a crescimento, que foi o foco da avaliação de vários economistas, mas sobre inflação, outro ponto de alerta sobre o impacto das enxurradas no Estado. A frase inicial é "O Comitê avaliou que os dados referentes à inflação corrente se mostraram benignos, tanto na inflação cheia quanto nos núcleos de inflação".
A relação entre a tragédia no RS e a inflação aparece, entre economistas, especialmente pela diferença entre o peso geral do Estado na economia - ainda em 6,5% no IBGE, mas já abaixo de 6% no dois últimos trimestres - e o peso gaúcho na atividade agropecuária, que sobe para 16,5%.
Para Cristiano Oliveira, economista-chefe do banco Pine, assim como o impacto no crescimento, neste momento, pode ser subestimado (abaixo do efetivo), o sobre a inflação tende a ser superestimado (acima do efetivo).
Para além da menção à tragédia do Rio Grande do Sul, a ata do Copom foi considerada dura o suficiente para colocar em dúvida a possibilidade de o juro básico voltar a um dígito neste ano. A aposta da maioria do mercado, conforme o boletim Focus, do BC, passou para 9,75%. Um dos trechos que mais acentua essa possibilidade menciona "balanço de riscos assimétrico para cima" na visão de alguns integrantes. Isso significa que as próximas decisões serão ainda mais cautelosas.