Quem bateu o martelo no leilão de concessão do Cais Mauá em nome do consórcio vencedor foi Sergio Stein. Normalmente, seria alvo de muitas perguntas, em busca de detalhes sobre o que se pode esperar para a revitalização dessa área que é um dos símbolos de Porto Alegre e - dado o trauma dos porto-alegrenses com os sucessivos fracassos anteriores.
No entanto, não só se sabe pouquíssimo sobre Stein, como ele não deu nenhum detalhe sobre seus planos, e sua assessoria de imprensa avisa que só pretende esmiuçar o projeto depois de 60 dias, quando deve ser assinado o contrato de concessão.
Para completar, amigos do empreendedor que a coluna conseguiu localizar foram avisados que não devem comentar sequer sobre a sua trajetória. Ele seria apenas o "CNPJ proponente". Misterioso, não?
O que existe de oficial é uma minibiografia: "Sergio Stein é um arquiteto e urbanista formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Com trajetória de quase 25 anos centrada na gestão de projetos de infraestrutura e no desenvolvimento imobiliário, atuou em grandes empresas, como a multinacional Walmart. Há mais de 10 anos, é diretor executivo da Spar Desenvolvimento Imobiliário e apoia a criação de projetos inovadores. Tem formação em desenvolvimento imobiliário e engenharia pela Harvard Business School e pela Columbia Engineering, respectivamente, além de MBA em Gestão Empresarial pela ESPM."
E antes que pareça implicância, uma observação: a jornalista que assina esta coluna gostou do que ouviu do próprio Stein na curtíssima declaração dada antes de sua batida de martelo, quando mencionou o papel do Cais Mauá na história, na cultura e na inovação de Porto Alegre. Uma das dúvidas que ficaram no ar na véspera é se o seu CNPJ representaria incorporadoras locais. A coluna colheu negativas nas três maiores da Capital: Cyrela, Maiojama e Melnick, além da Plaenge, do Paraná..
Outra grande dúvida é o que será feito no Cais Mauá. A coluna conseguiu confirmar, apenas, que o projeto de revitalização que - todos esperamos - será implantado, é de uma empresa de Estocolmo, a Mandaworks. É promissor: a capital sueca é uma cidade cercada de água, ou seja, tem conhecimento sobre integração urbana "líquida". Quem viu os primeiros esboços sustenta que será uma agradável surpresa para os porto-alegrenses, aberto e sustentável.
Outro detalhe confirmado é que Stein, além de CNPJ proponente, terá um CNPJ agregador: o plano é compartilhar a árdua tarefa de entregar aos porto-alegrenses um cais democrático e vibrante com vários parceiros, cada um atuando em sua área de especialidade, como a de restaurantes, a de atrações culturais, a dos projetos imobiliários.