Na volta à normalidade do ano legislativo - o de verdade começou cedo e com muito barulho -, saltarão dezenas de desafios à meta de déficit zero do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Na tentativa de blindar sua pauta, ele teve uma longa reunião fechada, nesta sexta-feira (16) com o PIB financeiro do país.
Haddad passou quase duas horas com os presidentes das maiores instituições financeiras do Brasil em encontro organizado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Como foi uma conversa privada, o que se sabe é por meio de relatos, que apontaram "clima positivo".
A partir da próxima semana, será testada a nova relação do governo Lula com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que conquistou um ministro de relações institucionais particular, o chefe da Casa Civil, Rui Costa. Desse reequilíbrio, depende o sucesso da estratégia de Haddad para, se não zerar o déficit, chegar o mais perto possível disso. Antes do Carnaval, o ministro fez questão de compartilhar a responsabilidade pelo sucesso e pelo fracasso:
— O resultado primário depende do Congresso Nacional. O nosso papel é ir apresentando para o Congresso as medidas com certa gradualidade.
Conforme relatos, Haddad insistiu no mantra de "reduzir gastos tributários" - cortar incentivos e benefícios -, no que teria recebido forte apoio do banqueiros. O interesse do setor financeiro é conter as pressões por aumento de gastos que vêm tanto do Congresso quanto de colegas de Haddad no ministério, além do próprio presidente da República. Lula voltou a dizer, pouco antes do Carnaval, que "se der para fazer superávit zero, ótimo, se não der, ótimo também".
Alguns dos desafios de Haddad no Congresso
- Desoneração da folha: há ameaça de devolução da medida provisória que retomava a reoneração, mesmo depois da derrubada do veto presidencial à prorrogação de cobrança diferenciada até 2027. O custo, estimado em R$ 16 bilhões, não está previsto no orçamento.
- Emendas parlamentares: Lula vetou R$ 5,6 bilhões do total previsto porque esse valor também não está coberto no orçamento.
- Novas medidas: no final do ano passado, Haddad apresentou novas medidas, entre as quais a extinção de um benefício para o segmento de eventos, o Perse, que enfrenta resistências na Câmara.