Se fosse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, seria "acusado" - inclusive, possivelmente, pela coluna - de estar animando a torcida. Mas foi o presidente do Banco Central (BC) que se saiu com uma projeção otimista nesta terça-feira (6) e animou o mercado.
Em um evento para gestores de investimento, Roberto Campos Neto projetou para este início de 2024 a manutenção das surpresas positivas que marcaram o ano anterior. O detalhe é que mencionou "intuição" para justificar o palpite.
— Olhando a perspectiva de crescimento do primeiro trimestre, está parecendo que vai surpreender para cima. Essa é a nossa primeira intuição no Banco Central. A gente vê serviços puxando bastante o crescimento — disse Campos Neto.
Depois de um dia meio azedo, com sinais de corte de juro mais demorado nos Estados Unidos, o mercado financeiro se animou. O dólar recuou menos de meia casa (0,38%), mas se afastou da barreira psicológica de R$ 5, que havia superado na véspera antes do fechamento. A bolsa reagiu com entusiasmo, com alta acima de 2%.
Campos Neto voltou a dizer que o mercado "tem errado (as estimativas de) crescimento consecutivamente há três anos". Lembrou que se debate a possibilidade de haver "um efeito das reformas acumuladas que foram feitas no passado" para explicar esse comportamento surpreendente. Crescimento acima do esperado pode ser bom, mas visto sob a perspectiva do BC embute uma cautela: se a atividade econômica segue forte, o juro "contracionista" não está funcionando e pode ficar nesse nível mais tempo.