Ainda não é o "consenso do mercado" - a maioria entre a centena de instituições financeiras e consultorias consultadas pelo Banco Central para elaborar o boletim Focus - mas já existem economistas prevendo que o dólar chegue ao final do ano cotado a R$ 4,30.
É verdade que o "consenso" já baixou a projeção para o câmbio desde o início do ano, de R$ 5 para R$ 4,95, mas R$ 4,30 é uma perspectiva bem mais otimista - considerando o efeito do dólar na inflação.
O que motiva a revisão de André Perfeito, economista com anos de experiência no mercado financeiro é uma das surpresas de 2023: a balança comercial. Não há expectativa de novo recorde, como foi no ano passado - faltaram US$ 1,16 bilhão para alcançar os US$ 100 bilhões de saldo.
Mas também houve melhora nas previsões de superávit para este ano no Focus mais recente, de US$ 70,5 bilhões para US$ 75 bilhões. O valor é relativo à diferença entre exportações e importações, portanto "sobraria" esse volume de dólares. O resultado positivo é uma espécie de calmante para o mercado de câmbio: a forte entrada de divisas não pressiona o custo da moeda americana dentro do país.
Esse cenário, sempre é bom lembrar, não descarta alguma alta de dólar provocada por questões externas, que abundam em 2024, ou até por escorregões internos - ainda há suspense sobre o futuro da meta de déficit zero, que vai condicionar as expectativas do mercado no Brasil.