Não é a primeira vez: depois da desabada de novembro de 2022, as ações do Bradesco voltaram a despencar na quarta-feira (7), também depois da publicação do balanço, seguida de uma prestação de contas supersincera ao mercado. As ações preferenciais tombaram 15,9%, e as ordinárias, 13,02%.
Entre um tombo e outro, o segundo maior banco privado do Brasil havia trocado quase toda a diretoria, inclusive a presidência, com a substituição de Octavio de Lazari Junior por Marcelo Noronha em novembro de 2023. A origem dos problemas foi a inadimplência (calote) dos clientes - especialmente baixa renda, pequenas e médias empresas - que provocou perdas para a instituição.
Nesta quinta-feira (8), em vez de reagir, como costuma ocorrer depois de quedas muito fortes, os papéis seguem em terreno negativo, ainda que com menor intensidade. Neste início de tarde, tanto as preferenciais quanto as ordinárias caem cerca de 2%%.
E assim como ocorreu em 2022, a reação negativa do mercado não decorre de prejuízo. O Bradesco teve lucro líquido recorrente de R$ 2,88 bilhões no quarto trimestre de 2023. A questão era que o mercado esperava quase o dobro disso, ao redor de R$ 4,6 bilhões.
Na primeira apresentação de contas liderada por Noronha, o executivo afirmou que o lucro poderia ter alcançado R$ 4,3 bilhões, mas que houve reforço de provisão (recursos separados para potencial reposição de perdas) para dois casos de inadimplência de grandes empresas - uma não é a Americanas, afirmou.
— Conscientes da necessidade de transformação do banco, estamos nesse momento acelerando e aprofundando as mudanças no Bradesco. Começamos a executar um plano estratégico sem paralelo na história do banco. Transformaremos os negócios, e aceleraremos as agendas de pessoas, cultura e tecnologia — afirmou o novo presidente.
Ele afirmou que a transformação permitirá melhorar a lucratividade, mas avisou que este ano ainda será "de transição" e que os resultados terão melhora mais evidente só a partir de 2025. Não são frases ouvidas com frequência em divulgação de resultados. Por mais desanimadores que sejam os números, costumam vir recheados de palavras, digamos, motivacionais. Desde a surpreendente troca de Lazzari por Noronha no sempre conservador Bradesco, muito já mudou no banco, inclusive quase toda a diretoria. Pela mensagem que se seguiu ao balanço, muito ainda vai mudar.