A bolsa caiu 2,2% nesta quarta-feira (9), puxada pelas ações do Bradesco, que desabaram 16% depois da apresentação do balanço do terceiro trimestre. O banco está longe do prejuízo: teve lucro de R$ 5,2 bilhões, 22,8% abaixo de igual período de 2021.
Mas o que fez o mercado tremer tem nome complicado - Provisão para Devedores Duvidosos - e tradução simples: como se temia, cresceu o número de inadimplentes.
Ao apresentar os resultados em entrevista coletiva, o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, disse que o banco elevou essa provisão em R$ 1 bilhão. Com isso, o banco prevê risco de não receber de volta R$ 7,267 bilhões, 36,8% a mais do que no segundo trimestre e mais do que o dobro (116,4%) do que no terceiro trimestre de 2021. Os bancos são obrigados a fazer essa reserva para pagamentos atrasados mais de 90 dias.
Lazari detalhou que a falta de pagamento registrada no balanço do banco se concentra em pessoas físicas que não puderam quitar gastos em cartões e parcelas do crédito pessoal. Entre as empresas, detalhou, o problema se concentra em micro e pequenas. O presidente do Bradesco disse não ver risco de contágio de calotes para grandes empresas.
Como o Bradesco é conhecido no mercado por sua prudência em conceder crédito, investidores entenderam que o problema deve afetar várias outras instituições financeiras. Por isso, as ações de outros bancos que não apresentaram balanços do terceiro trimestre também caíram: Santander, 6,14%, Itaú, 3,08%. As do Banrisul resistiram durante boa parte do pregão, mas fecharam também em terreno negativo, embora leve: -0,17%.