A coluna já mencionou a saga bilionária que marcou a atividade da Gerdau durante a pandemia, quando a demanda e os preços do aço foram às alturas e levaram junto os lucros do grupo siderúrgico de berço gaúcho.
No terceiro trimestre, o lucro líquido foi de "apenas" R$ 3 bilhões, redução de 29,7% ante os R$ 4,3 bilhões do período anterior e de 33,7% comparado aos R$ 4,5 bilhões de igual período de 2021. A receita líquida da companhia, só no período de julho a setembro, alcançou R$ 21,1 bilhões, fruto da venda de 2,9 milhões de toneladas.
No acumulado dos nove primeiros meses de 2022, a Gerdau obteve a maior geração de caixa (pelo indicador de ebitda ajustado) dos 121 anos da empresa, de R$ 17,9 bilhões.
— Em 2021, tivemos um ano excepcional. E a gente fecha os nove primeiros meses deste ano com resultados melhores do que os do ano passado no mesmo período. Ainda não sabemos se vamos ou não ultrapassar os resultados do ano anterior, mas já quero agradecer às milhares de trabalhadoras e aos milhares de trabalhadores da Gerdau, em vários países, que ajudaram a construir esse desempenho — disse nesta quarta-feira (9) o CEO do grupo, Gustavo Werneck, a um grupo de jornalistas, entre os quais a coluna.
Conforme a empresa, o forte desempenho reflete os patamares elevados de demanda por aço dos setores da construção e industrial na América do Norte". Do total de R$ 5,4 bilhões de geração de caixa (medido pelo ebitda ajustado), R$ 2,6 bilhões vieram das operações de Estados Unidos e Canadá.
Um dos destaques do período, destacou Wernerck, foi a associação com outra gigante gaúcha, a Empresas Randon, para locação de caminhões, semirreboques e outros produtos e serviços relacionados a transporte, por meio da Gerdau Next. O executivo afirmou que a empresa segue monitorando sinais de desaceleração da economia, especialmente nos EUA, mas afirmou que, neste momento, o nível de utilização das plantas no país seguem acima de 90%.
Um dos motivos, detalhou, é o chamado "reshoring" (retorno da produção para dentro do território americano, resultante dos desafios logísticos que se seguiram à pandemia e à invasão da Ucrânia pela Rússia.
— Estamos vendo esse movimento se traduzir em pedidos. Antes, havia muita entrega para construção de galpões de centros de distribuição para entrega de produtos, mas ao longo do terceiro trimestre estamos atendendo demanda para novas fábricas em construção nos Estados Unidos para substituir importações. Isso ocorre com semicondutores, mas também de outros componentes, como pneus — detalhou Werneck a pedido da coluna.
Rafael Japur, diretor financeiro da Gerdau, observou que a alavancagem (endividamento) da Gerdau alcançou seu menor nível histórico: a relação entre dívida líquida e ebitda ajustado ficou em 0,16 vezes (para cada real de caixa, há R$ 0,16 em débitos). Conforme Japur, a redução se deve tanto ao forte desempenho quando à redução da dívida líquida, que também atingiu seu menor nível da história no final do terceiro trimestre, de R$ 4,3 bilhões. O conjunto dos indicadores financeiros, detalhou, representam "o melhor acumulado de nove meses da nossa história".
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