Sérgio Carvalho assumiu como CEO das Empresas Randon em dezembro de 2021, depois de ser vice-presidente e diretor de operações. Na época, a missão dada pelo presidente da companhia, Daniel Randon, era a internacionalização. De fato, antes de fechar um ano no novo cargo, Carvalho passa parte do tempo nos Estados Unidos, onde a indústria gaúcha fez uma aquisição recente. E mais recentemente ainda, a Randon anunciou uma parceria inesperada com a Gerdau Next, com objetivo de financiar a venda não apenas de semi-reboques e carrocerias, produtos da "casa", mas também veículos completos, o que já ideia da ambição do projeto.
Durante a pandemia, chegou a haver falta de caminhão. Isso favoreceu a parceria?
Na verdade, começamos a estudar antes da pandemia. Só precisávamos achar condições e momento corretos para atuar nesse segmento. Para nós, que vamos começar essa jornada, precisávamos estar associados a outro parceiro, que tivesse tamanho semelhante, não no todo, mas nesse negócio, para que pudéssemos começar em base zero e crescer juntos.
E por que a Gerdau, além do fato de a empresa ter um caixa bem recheado neste momento?
A Randon sempre faz parcerias com afinidades culturais. Temos joint ventures (associações internacionais) com a americana Meritor, por 36 anos, e com a alemã Jost, por 27. Sabemos como é importante ter afinidades culturais para construir um plano de negócios forte. A Gerdau representa isso. São duas empresas que, juntas, têm muita força, credibilidade, marcas fortes, solidez financeira e afinidade cultural. Somos parceiros comerciais há mais de 50 anos. Temos muito relacionamento, uma história parecida das duas famílias, de abertura de capital há bastante tempo. Com o passar do tempo, pensamos em capitalizar a empresa, temos vária opções de rotas.
Inclusive uma oferta inicial de ações?
Tudo é possível. As empresas-mãe podem contribuir ou abrir para investidores, que é um caminho natural.
Há uma expectativa muito grande de que essa parceria se torne uma geradora de negócios para as nossas empresas. É um negócio grande, com margens saudáveis, mas requer bastante capital.
Para onde vai o investimento inicial de R$ 250 milhões, já a produção já existe?
É para investimento financeiro. Há uma expectativa muito grande de que essa parceria se torne uma geradora de negócios para as nossas empresas. É um negócio grande, com margens saudáveis, mas requer bastante capital. São duas empresa com caixa sólido.
Para quem a empresa vai financiar a aquisição de caminhões?
Para todos os públicos, mas o foco é em frotistas de tamanho médio. Os grandes já são capitalizados, temos clientes que pagam no ato, como os do agronegócio. Mas podemos financiar até para autônomos. Estamos lançando a linha New R, com as primeiras unidades de graneleiros, que tem grande demanda por trazer novas tecnologias que reduzem o peso entre 700 e 1,7 mil quilos, dependendo da configuração. É um grande benefício para o transportador e um possível produto para o leasing. Clientes com menos meios podem concretizar esse processo de renovação de frota com melhoria do resultado da operação.
Os bons resultados da Randon, depois do susto da pandemia, dão conforto para investir?
No primeiro semestre, tivemos crescimento de 30,4% na receita em relação a igual período de 2021. Temos números bastante positivos em mercado que não está tão pujante quanto no ano passado. Estamos crescendo em condições mais desfavoráveis e seguimos com nosso projeto de internacionalização, compramos uma empresa nos Estados Unidos em julho, a Hercules e temos exportado semi-reboques para o mercado americano. No Brasil, temos uma nova fábrica que lançamos com a Jost em Campinas (SP), com um produto novo, que são articulações de ônibus, e lançamos uma unidade, a Araraquara 2, para equipamentos ferroviários.
Acreditamos que 2023 será um ano bem melhor para o mercado ferroviário, e 2024 mais ainda.
Vocês estão apostando em ferrovias?
Temos recebido muitas consultas de cotação. Acreditamos que 2023 será um ano bem melhor para o mercado ferroviário, e 2024 mais ainda. Agora é uma fase em que as empresas começam a investir na modernização. Em parceria com a Master, em Caxias, temos uma forjaria nova, 100% automatizada, e ganhamos novos negócios com smart composites, que permitem redução de peso dos caminhões, o que ainda traz vantagens ambientais. São resinas petroquímicas que existem há 20 anos, não são uma invenção nossa, mas trabalhamos e desenvolvemos novas aplicações.
E como está rota elétrica?
Temos investido em carreta híbrida, que terá cavalo a diesel, mas carreta elétrica e software de controle engenheirado por nós, no Brasil. Mas era um veículo tão inovador que não podia circular nas estradas, porque não havia regulamentação para isso. Agora já foi liberado, podemos mostrar aos frotistas. Estamos com uma dezena em testes, mas vamos expandir bastante, agora que foi "legalizado" (risos).