Apesar da oscilação de preços das matérias-primas básicas no segundo trimestre, os resultados da Gerdau seguem a saga bilionária que marcou a atividade da companhia durante a pandemia: lucro líquido (aquele limpinho, que é só ganho) entre abril e junho foi de R$ 4,3 bilhões, o maior para esse período nos 121 anos da empresa completados neste ano. Como o primeiro trimestre também foi melhor, a siderúrgica teve o melhor semestre de sua história.
O resultado líquido ficou 28% acima de igual período de 2021. A receita líquida da companhia totalizou R$ 23 bilhões entre abril e junho, com alta de 9% na mesma base de comparação.
— Conseguimos entregar o melhor semestre da história da companhia. Foi melhor do que o primeiro trimestre do ano passado, que foi histórico. É reflexo dos esforços da equipes em meio a um cenário de manutenção da demanda por aço em patamares elevados, principalmente na América do Norte, o que levou a nossa operação na região a registrar desempenho recorde no período — afirmou o CEO da Gerdau, Gustavo Werneck, em conversa com um grupo de jornalistas, entre os quais a coluna.
Só nesse período de três meses, a Gerdau investiu R$ 959 milhões, sendo R$ 661 milhões em manutenção e R$ 298 milhões em iniciativas de expansão e atualização tecnológica. Outros R$ 126 milhões contemplam expansão de ativos florestais, atualização e aprimoramento de controles ambientais, avanços tecnológicos que resultam em eficiência energética e redução de emissões de gases de efeito estufa. Só em dividendos a seus acionistas, as duas empresas abertas do grupo, Gerdau S/A e Metalúrgica Gerdau S/A, vão pagar R$ 1,56 bilhão.
— Nos Estados Unidos, o mercado segue impactado pela escassez de semicondutores, e a normalização só deve ocorrer em 2023 — avisou Werneck.
No Brasil, disse o CEO da Gerdau, a perspectiva ainda é positiva, apesar do "cenário de elevação de juros e restrições de acesso a crédito". Um dos motivos de otimismo, frisou, é o programa de renovação de frota do governo federal, que estimulará a substituição de caminhões com mais de 30 anos de uso.
Outro é o mercado da construção civil, que teve em julho o maior número de lançamentos em 15 anos, com preços 2,4% acima de 2021. E ainda há perspectiva de mais parques eólicos, que consomem muito aço nas pás e na estrutura dos aerogeradores (cata-ventos). Os resultados, afirmou o executivo, dá conforto aos investimentos da Gerdau, entre os quais os R$ 200 milhões previstos para a modernização a aciaria da Usina Riograndense, em Sapucaia do Sul.
— Em 2022, estamos bastante seguros de que a demanda de aço continuará muito alta. Para 2023, o cenário é mais nebuloso, mas para este ano os indicadores são muito fortes — disse Werneck.
Os efeitos da desaceleração nos EUA, disse Werneck, respondendo à consulta da coluna, ainda são "uma grande incógnita", mesmo para quem tem negócios importantes por lá e conhece bem a realidade local. Embora o país já esteja em recessão técnica (dois semestres seguidos de declínio do PIB), avalia que haverá menor impacto nos negócios do grupo do que já houve no ano passado.
— O que já aconteceu foi uma pequena redução de pedidos, que estavam em patamar nunca visto antes, então reduziu um pouco, mas o nível ainda é muito elevado. Existe resiliência muito forte no nosso setor. O pacote de infraestrutura do governo Biden vai trazer muita atividade para o nosso setor. Devemos enfrentar menos dificuldade do que em recessões anteriores — detalhou o CEO da Gerdau.
Leia mais na coluna de Marta Sfredo