Na esteira da confirmação de que 2023 foi o ano mais quente desde que há registro de temperatura no planeta, a resseguradora global Aon publicou seu mais recente estudo sobre o impacto da mudança no clima no segmento, o Global Catastrophe Recap Q3.
Nesse mapa em que seria melhor não aparecer, uma grande perda chama atenção: a seca do verão passado representou US$ 11,3 bilhões em perdas entre o Rio Grande do Sul, o Uruguai e a Argentina.
O Global Catastrophe é um relatório elaborado periodicamente por essa multinacional de seguros, resseguros e gestão de riscos, com o objetivo de "detalhar os prejuízos humanos e materiais provocados pelas mudanças climáticas". A mais recente edição considera o período de janeiro a setembro de 2023.
No Brasil, as perdas em nove meses chegam a US$ 555 milhões, dos quais US$ 205 milhões correspondentes apenas às chuvas de junho no Rio Grande do Sul, porque os episódios de outubro a dezembro só entrarão no próximo estudo. Os números mostram que, embora o Rio Grande do Sul tenha sido afetado tanto por estiagem quanto por inundações, a maior perda foi mesmo da Argentina, com US$ 10 bilhões.
A Aon adverte que 2023 deve bater outro recorde, além do calor extremo: o das maiores perdas anuais já provocadas por desastres climáticos. Só até setembro, o valor dos prejuízos globais atingiu US$ 295 bilhões, acima a média de US$ 265 bilhões do século 21. Por isso, considera provável que o total anual ultrapasse a média da década, de US$ 339 bilhões, considerando os episódios do quarto trimestre. Conforme a empresa, entre setembro e dezembro de 2023, o mundo viu ao menos 47 episódios com perdas individuais superiores a US$ 1 bilhão.
O relatório observa, ainda, que riscos do calor extremo têm sido um "ponto cego" da indústria seguradora. Por isso, observa que a quebra dos recordes de altas temperaturas determina "urgência" para que o segmento desenvolva análises aprofundadas para melhorar as tentativas de mitigação de riscos.
Leia mais na coluna de Marta Sfredo