A passagem do ciclone extratropical pelo Rio Grande do Sul causou a elevação do nível do mar em diferentes praias gaúchas. Por enquanto, segundo prefeituras do Litoral Norte, não há registro de ressaca. No entanto, o estado é de atenção, diante de um alerta emitido pela Marinha do Brasil sobre essa possibilidade para todo o litoral gaúcho até a altura de Florianópolis, em Santa Catarina, válido até a tarde de sábado (17).
A região litorânea do RS foi uma das mais afetadas pelas chuvas fortes ocorridas desde a noite de quinta-feira (15). Em Capão da Canoa, uma cratera se abriu no calçadão à beira-mar, próximo ao Quiosque Pérola Negra. Segundo o secretário de Obras do município, Ricardo Matos, o estrago foi identificado nesta sexta-feira (16). Por enquanto, no entanto, não há registro de ressaca.
— O mar está alto, mas, por ora, recuado, e não chegou ao nosso calçadão. Porém, a tendência é que vire ressaca — analisa o secretário.
O fenômeno da ressaca consiste no forte movimento das ondas, decorrente de uma elevação normal do nível do mar. Com isso, há risco de inundação costeira, erosão e destruição de estruturas. É por esse motivo que, quando há condições propícias para ressacas, a Marinha do Brasil emite alertas.
Além da cratera, Capão da Canoa teve estragos na Avenida Paraguassú, na ligação entre os distritos de Capão Novo e Arroio Teixeira, e na Estrada de Cornélios, que liga Capão da Canoa à Terra de Areia. As vias se manterão interditadas até o final desta sexta-feira, para reparos. Na altura do quilômetro 35 da Estrada do Mar, ocorreu uma erosão no acostamento.
Em diferentes localidades de Capão da Canoa ocorreram quedas de árvores, danos no calçadão, falta de energia e de água. As aulas na rede municipal foram suspensas. Uma força-tarefa foi criada para atender as demandas. O Hospital Santa Luzia enfrentou alagamentos e suspendeu atendimentos, mas já foi reaberto à população. Contudo, exames de tomografia continuam indisponíveis – os pacientes que necessitam do aparelho são encaminhados a outros pontos da rede de saúde da cidade. Procedimentos eletivos não foram retomados e estão sendo reagendados.
Em Imbé, o mar está alto, mas não houve, até então, registro de estragos, conforme a prefeitura. Houve dois atendimentos de pedidos de auxílio, devido ao destelhamento de residências. Dez postes e três árvores caíram. No total, cerca de mil residências do município estavam sem luz no início da tarde.
Em Tramandaí, ocorreu o destelhamento de sete casas e a queda de três árvores de dois postes de luz. Uma pessoa precisou ser salva de um local alagado, mas não houve registro de pessoas feridas ou desabrigadas. As aulas foram suspensas na cidade. No mar, há ocorrência de ressaca, mas sem danos.
Em Torres, não houve desalojados. Na quinta à noite, o Centro da cidade chegou a alagar, e houve avarias em árvores. A situação foi um pouco pior no interior do município, onde houve mais alagamentos nas ruas, já que os níveis dos rios se elevaram. Mesmo assim, o ciclone fez poucos estragos por lá.
Em Balneário Pinhal, aulas foram canceladas e o prédio da prefeitura estava sem luz durante a manhã e a tarde.
No RS, a chuva ficou concentrada na Região Metropolitana, no Litoral Norte e na Serra. Duas mortes foram registradas em São Leopoldo. Os acumulados de chuva superaram os 100 milímetros em muitas áreas, se aproximando e até superando a média histórica para junho, que varia de 140 a 180 milímetros na região.