O primeiro gesto foi a retirada de uma das propostas mais polêmicas apresentadas até agora pelo governo Milei, comparada a estado de sítio, que exigia autorização para reuniões com mais de três pessoas.
Agora, veio um novo texto que quase transforma a "lei omnibus" em uma van: para ter chance de salvar algumas das propostas, foi retirada a privatização da petroleira YPF (pronuncia-se 'ipeéfe' porque em espanhol o Y é chamado de "I griega").
Outras três só poderão ter participação privada, mas será preciso manter o controle do Estado: Nucleoeléctrica (geradora de energia), Banco Nación (espécie de Banco do Brasil) e Arsat (telecomunicações).
As mudanças se seguiram a um final de semana de intensas tratativas entre o presidente Javier Milei e parlamentares que o apoiam. E foi anunciada às vésperas da greve geral marcada pela maior entidade sindical da Argentina, a Central General de los Trabajadores (CGT) para a quarta-feira (24), exatamente por ser a data de início da apreciação da "lei omnibus".
Outra mudança é a atualização dos benefícios previdenciários pela inflação mensal. Sim, o "omnibus" atropelava até a correção dos escassos proventos dos jubilados (como são chamados por lá os aposentados) no país em que a inflação anual está acima de 200%.
Houve recuo, ainda, em várias propostas da ampla reforma eleitoral pretendida por Milei, que incluía o fim das prévias, chamadas de Paso, que o credenciaram como favorito nas eleições presidenciais.
Foi reduzido ainda, potencialmente de quatro para dois anos, o período de emergência nas áreas econômica, financeira, fiscal, previdenciária, tarifária, energética, administrativa, de segurança e de saúde (sim, tudo isso). É um período durante o qual Milei terá poderes extraordinários, com direito a adotar medidas por decreto.
Além das mudanças nas áreas econômica e política, o governo Milei também deu passos atrás no desmonte das políticas públicas da área cultural. Devolveu a verba específica e automática ao Instituto Nacional de Cine y Artes Audiovisuales (Incaa) - responsável por boa parte do sucesso dos filmes argentinos no mundo - e mantém o Fundo Nacional das Artes, que havia sido extinto na versão original.