Será retirada a proposta do presidente da Argentina, Javier Milei, que espantou até aliados por proibir reuniões de mais de três pessoas sem autorização e foi chamada de "virtual estado de sítio".
A medida estava prevista na "lei ônibus", que tem 664 artigos em 183 páginas e começou a ser debatida na terça-feira (9) no Congresso e prossegue em discussão nesta quarta (10). Em ambiente tenso, em que soou até "cala a boca", a ministra da Segurança, Patricia Bullrich, garantiu aos parlamentares que o governo vai desistir.
— Para facilitar a discussão, venho dizer que é nosso objetivo retirar esse artigo diretamente porque ja está suficientemente explicado em outro artigo — afirmou Bullrich logo no início de sua participação nos debates.
O artigo 333 determinava que "toda reunião ou manifestação deverá ser notificada de forma fidedigna ao Ministério de Segurança com antecipação de não inferior a quarenta e oito (48) horas". E o texto do 331 estabelece que "reunião" ou "manifestação" significa "a congregação intencional e temporal de três (3) o mais pessoas em espaço público".
A ministra da Segurança sucedeu o colega do Interior, Guillermo Francos. O clima para o governo no Congresso é tão rarefeito que Francos - considerado um dos ministros mais afeitos à negociação no governo Milei - usou até a ironia para atenuar a tensão. Depois de uma saraivada de críticas, saiu-se com essa ironia:
— Agradeço os comentários. Percebo que há um apoio muito grande ao projeto, sou um intuitivo.
Colheu risadas até da oposição, que cobra a presença do ministro da Economia, Luis "Toto" Caputo. No entanto, ele está ocupado tentado fechar, ainda nesta quarta-feira (10), um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). E enquanto se especula sobre os termos negociados, o câmbio segue em alta no país. Depois quase um mês de "pax cambiaria" e da megadesvalorização do oficial, subiu quase 10% em três dias e é cotado a 1.150 pesos por dólar.