Depois de passar mais de um mês abaixo de US$ 80, o petróleo despenca quase 4% nesta quarta-feira (6) e os contratos do barril para entrega em fevereiro encerraram o dia em US$ 74,39 na bolsa de Londres. É o menor preço em cinco meses, resultado de quatro dias seguidos de baixa.
E se já havia expectativa de que a Petrobras reduzisse os preços dos combustíveis no Brasil antes, com o barril abaixo de US$ 80 a pressão só aumentou. Ao que tudo indica, basta que o presidente da estatal, Jean Paul Prates, volte ao país - passou os últimos dias na COP28 - para que a redução seja oficializada.
Na sexta-feira passada (1º), a mesma reunião ministerial da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) que saudou o ingresso do Brasil na entidade combinou um corte na produção para fazer o preço subir. Naquele dia, Prates afirmou que não haveria mudança de preços no Brasil naquele momento, mas fez a seguinte frase:
— Talvez, na semana que vem, depois que acabar a COP, quando a gente voltar, a gente faça a nossa reunião de preços.
A cúpula do clima de Dubai tem encerramento previsto para o dia 12, mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já voltou - nesta quarta-feira (6), está no Rio de Janeiro. E consideradas as mais recentes faíscas apontadas nas relações entre Lula e Prates, tudo indica que o presidente da estatal terá pressa na redução dos preços nas refinarias. Depois de saber pela imprensa que haveria uma Petrobras na Arábia Saudita, Lula afirmou que Prates tem "cabeça fértil" - o que parece, mas não é elogio.
A nova política de preços da estatal, chamada de "estratégia comercial", é considerada mais benigna do que a anterior, a de "paridade de preços de importação". E pelo critério anterior, mais apertado, até a terça-feira (5) - portanto antes da nova redução de quase 4% - havia folga de 2% na gasolina e 6% no diesel.
A queda na cotação do petróleo é atribuída a um pacote de motivos: dólar mais forte, preocupações sobre demanda, e dúvidas sobre a capacidade da Opep de aplicar de fato os cortes de produção anunciados. Em relatório da consultoria Oanda, os analistas afirmam que "o acordo da Opep não foi suficiente para segurar os preços, e considerando os quatro dias seguidos de declínio, os operadores estão claramente pouco impressionados (com a ameaça do cartel)".