Em 17 minutos, dos quais mais da metade foi dedicada a explicar o que é déficit fiscal e por que deve ser eliminado, o ministro da Economia da Argentina, Luis "Toto" Caputo, deu uma boa notícia e uma péssima aos exportadores gaúchos.
A boa é que o Sistema de Importações da República Argentina (Sira) vai mudar e eliminará a necessidade de licenças prévias, pesadelo de mais de uma década das indústrias gaúchas que vendiam ao país. O que faltou dizer é quando isso vai ocorrer. Outra "medida" anunciada no segmento do comércio exterior é só uma intenção: os impostos sobre a exportação serão eliminados, mas só depois da "emergência" - que pode durar de 18 a 24 meses, conforme o presidente Javier Milei.
A péssima era a esperada, mas traduzida em palavras foi tremenda: o câmbio oficial decolou dos atuais 400 para 800 pesos. Com isso, os produtos brasileiros ficarão ainda mais caros do que já estão, porque será preciso usar mais pesos para bancar cada dólar. Caputo sequer pronunciou as palavras "cepo cambiario", o sistema de restrições a operações com dólares na Argentina.
Com a megadesvalorização, o dólar oficial se aproxima do paralelo mais usado, o blue, que nesta terça-feira (12) fechou acima de mil pesos, em 1.070.
As medidas anunciadas
- Desvalorizar o peso à metade, de 400 para 800 por dólar
- Não renovar os contratos públicos com menos de um ano de prazo
- Suspender por um ano os anúncios do governo
- Redução dos ministérios e dos cargos inferiores em 34% no total
- Não licitar obras públicas e cancelar as já aprovadas que não tenham começado
- Reduzir ao mínimo as transferências do Estado às províncias
- Reduzir os subsídios às tarifas de energia e transporte
- Duplicar dois planos sociais para baixíssima renda, mas manter um terceiro com valores de 2023, ou seja, valerão menos da metade dada a inflação de 140% no ano
- Reformar o sistema de importações (Sira), sem exigir licença prévia
- Depois do fim da "emergência", ou seja, daqui a 18 ou 24 meses, eliminar os impostos sobre a exportação.