O jornalista Rafael Vigna colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço
Três meses após anúncio – feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva – com R$ 1 bilhão para linha de crédito emergencial às empresas, cooperativas e agricultores atingidos pelas enchentes de setembro no RS, menos de 1% dos recursos chegaram ao destino. As informações em primeira mão foram obtidas pela organização especializada em transparência “Fiquem Sabendo”, via Lei de Acesso à Informação. O material, repassado à Coluna na sexta-feira, aponta a liberação de R$ 95,4 milhões na soma das duas modalidades do BNDES.
O fato lança luzes sobre algo que se repete em cada episódio de desastre nas diferentes esferas de governo. Trata-se dos anúncios feitos por lideranças políticas no calor dos acontecimentos para restaurar danos.
O problema é que entre a promessa e a efetivação existem muitas diferenças. No caso das linhas garantidas pelo BNDES, nada menos do que R$ 925,6 milhões transcorridos 90 dias do primeiro episódio no Vale do Taquari. Desde a tragédia no dia 4 setembro, outros eventos castigaram as mesmas cidades ampliando os estragos
Desse universo, o BNDES garantiu só seis empréstimos e os valores somam R$ 975 mil. São elas: Garra automação, Mercadao de Frutas Schmidt, Mentges & Santos mercado e açougue e Mallmann Representação Comercial de produtos alimentícios, Design e Soluções Ambientais e Progresso Comércio varejista de moveis exclusivos.
Dentre as cooperativas, há único financiamento de R$ 20 milhões para a Dália Alimentos. Já na linha emergencial PEAC-FGI, a lista conta com 99 CNPJs e soma R$ 73,4 milhões.
Em resposta ao pedido de informação, o banco destaca que o principal objetivo deste programa é outorgar garantias às operações de crédito de mutuários que tiveram perdas decorrentes de eventos climáticos.
Entre as maiores operações, até o dia 24 de novembro, dentro do PEAC-FGI, estão R$ 7 milhões para a Laghetto Hotéis (em Gramado), R$ 5 milhões para a Ludfor (empresa de energia, de Bento Gonçalves) R$ 2,3 milhões para a Serrana Sistemas de Energia (com sede em Caxias do Sul), R$ 1,9 milhão para a Rodovale (transportadora com sede em Porto Alegre) e R$ 1,65 milhão para a Dalmolin Vanzin (empresa de comércio exterior de Santa Maria).