Quando uma tragédia do tamanho que atingiu o Estado na semana passada acontece, é preciso, sim, fazer o levantamento de erros eventualmente cometidos. Não para apontar culpados, mas para corrigir o rumo.
A polêmica sobre a existência ou não de alertas sobre a iminência da enxurrada que arrastou não só casas, mas indústrias, lojas, agências bancárias - ou seja, meios de subsistência de cidadãos, que fez a Federação das Indústrias do Estado (Fiergs) propor a criação de um Programa Emergencial de Recuperação Econômica na região - precisa ser a última.
Depois dessa última lição, não há mais como alegar surpresas com a violência dos fenômenos "naturais". A jornalista que assina essa coluna subscreve o apelo da colega Juliana Bublitz: é hora de adotar uma forma permanente de lidar com as mudanças climáticas. Seja sob a forma de um comitê ou aproveitando uma estrutura já existente - como o painel de informações sobre estiagem ampliado - o Rio Grande do Sul precisa encerrar de vez as polêmicas e abraçar as soluções.
Nesta segunda-feira (11), o ministro do Desenvolvimento Regional, primeiro a ver o efeito devastador da enxurrada no Estado ao lado do colega da Comunicação, Paulo Pimenta, fez um anúncio que pode inspirar o governo gaúcho: a criação de regiões sob emergência climática permanente, aqueles afetados por problemas relacionados a fenômenos atmosféricos de forma recorrente. A ideia havia nascido no Ministério de Meio Ambiente, focada em áreas afetadas periodicamente por incêndios florestais, e agora deve ser ampliada por focos potenciais de enchentes.
Faz diferença o fato de que nem o atual governo federal, nem o atual governo estadual contestam a mudança climática. Como já afirmaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador Eduardo Leite, não há como negar as evidências científicas - e, lamentavelmente, as consequências danosas - do principal efeito do aquecimento global, a maior intensidade e frequência dos eventos atmosféricos - seja El Niño, ciclone extra-tropical ou microexplosão. Os nomes variam, o problema que agrava cada um desses fenômenos é o mesmo: a Terra está mais quente.
É por reconhecer - e sentir literalmente na pele essa transformação - que a Estados Unidos e Europa estão investindo bilhões na transição energética. Estamos atrasados, como humanidade, tem advertido a ONU, por meio do Painel Intergovernamental do Clima. Também tem reafirmado que ainda temos tempo para evitar o ainda pior. Mas precisamos apressar as respostas.
Sim, a coluna já pediu, mas nunca é demais reforçar: por favor, se puder, ajude as vítimas da enxurrada no Rio Grande do Sul. Clique aqui para saber como. E cuidado com as fake news que circulam sobre donativos. Escolha com cuidado como vai direcionar sua contribuição para que de fato chegue a quem precisa.