A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (Noaa) dos Estados Unidos, agência que é referência mundial para meteorologistas, afirmou nesta quinta-feira (8) que as condições para a formação do El Niño estão oficialmente confirmadas. O fenômeno, caracterizado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico, aumenta as temperaturas do planeta e, ao Rio Grande do Sul, costuma trazer calor e chuva.
— Dependendo de sua força, o El Niño pode causar uma variedade de impactos, como o aumento do risco de chuvas fortes e secas em algumas partes do mundo — afirmou a chefe do escritório de previsão de El Niño da NOAA, Michelle L'Heureux. — As mudanças climáticas também podem exacerbar ou mitigar certos impactos relacionados ao El Niño. Por exemplo, o El Niño pode gerar novos recordes de temperatura — alertou.
L'Heureux destacou ainda que o fenômeno se formou dois meses antes da maioria dos outros El Ninõs e que ainda há chances de o evento crescer. As estimativas indicam que há 25% de chance de termos um "super El Niño", quando as ações são ainda mais intensas e as temperaturas podem ficar até 2,5°C acima da média em alguns locais do mundo.
Em maio, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) previu que o período 2023-2027 será o mais quente já registrado na Terra, sob o efeito combinado do El Niño e das mudanças climáticas, causadas, sobretudo, pelas emissões de gases de efeito estufa. Segundo a OMM, há 98% de chance de que, pelo menos, um dos próximos cinco anos - além do período como um todo - seja os mais quente já registrado na história.
O fenômeno oposto, La Niña, que tende a provocar a queda das temperaturas, estava em atuação há três anos. Agora, segundo a NOAA, o El Niño tende a moderar a atividade dos furacões no Atlântico, mas a favorece no Pacífico.
El Niño no RS
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a previsão é de que o evento climático seja fraco nas três semanas iniciais, mas que sua intensidade progrida até setembro, com chances de causar enchentes e alagamentos no Rio Grande do Sul durante a primavera. A precipitação intensa deve chegar primeiro na região norte gaúcha, até agosto, a partir da metade inicial do inverno.
Na avaliação da meteorologista Eliana Klering, professora da Faculdade de Meteorologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), esse cenário pode impactar negativamente o agronegócio gaúcho ao prejudicar a colheita dos cereais de inverno, como trigo e aveia, e atrasar a semeadura das culturas de verão, como soja e milho, ambos realizados durante a primavera.