Em outubro de 2022, já no segundo turno da campanha eleitoral, o estão candidato a vice-presidente Geraldo Alckmin esticou sua estada em Porto Alegre para um jantar com empresários.
O evento só não foi um "jantar sem empresários" porque meia dúzia apareceu por lá, e os que a coluna identificou e consultou pediram para não serem citados na nota.
Menos de 10 meses depois, Alckmin volta à capital gaúcha não só como vice-presidente eleito mas como ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Na próxima sexta-feira, vai passar por Passo Fundo, para a inauguração da primeira usina de etanol em grande escala no Estado, investimento feito pela Be8 (antes conhecida como BSBios), depois vem à Capital para uma palestra na Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), a convite do presidente Gilberto Petry.
Nesse intervalo, Alckmin se converteu de convidado de risco em um dos fiadores dos laços do governo Lula com o mercado e, especialmente, com o empresariado. Teve origem em seu ministério o programa de de venda de veículos com descontos, que durou pouco mas ajudou até a baixar a inflação e o ainda por definir o incentivo à troca de de eletrodomésticos da chamada "linha branca" - geladeiras, máquinas de lavar, freezers, micro-ondas e outros equipamentos ligados à cozinha.
Entre as "pistas" que Alckmin deu naquele jantar há 10 meses, uma já foi parcialmente entregue: a simplificação de impostos. O atual vice também afirmou que o desenvolvimento do governo que representava - e representa - seria inclusivo, com estabilidade de regras e sustentabilidade. A inclusão foi mais do que confirmada com o novo Bolsa Família, embora a estabilidade de regras e a sustentabilidade enfrentem altos e baixos - com Alckmin "prestigiando" a primeira exportação nacional de lítio verde, com dois olhos na tendências da economia.
E quando fechar um ano daquele jantar, Alckmin estará no exercício da Presidência por um prazo ainda não definido, porque vai substituir Lula durante a convalescença da cirurgia no fêmur pela qual tem de passar. Como é mesmo aquela frase? Ah, é "nada como um dia após o outro", não é mesmo? Ou alguns meses.