Ao completar 10 anos, a empresa gaúcha Elefante Letrado, plataforma digital que se dedica a incentivar a leitura nas escolas, passa a usar inteligência artificial para desenvolver a fluência das crianças.
Conforme Scheila Vontobel, sócia-fundadora da empresa, essa nova funcionalidade já está liberada para testes em poucas escolas e há negociações com "dois grandes Estados", para incorporar o formato à rede pública.
O trabalho está pronto depois de uma preparação que incluiu a gravação de mais de 5 mil áudios. A partir dessa mostra, detalha Scheila, é possível avaliar se o aluno está com nível de proficiência adequado a suas idade e série, acima ou abaixo.
— Por exemplo, na segundo série fundamental, o aluno teria de ler 80 palavras por minuto. Se está lendo 60, está abaixo, se cem, avançado. Hoje, as escolas precisam testar as crianças nessa capacidade, mas fazem de forma analógica, contando palavras. Com o Elefante, o aluno grava o áudio e o resultado sai na hora.
Conforme a sócia, até onde a empresa pesquisou, essa funcionalidade é inédita no mundo. A coluna quis saber se Scheila, que se declara "encantada" com o trabalho, consegue ser otimista sobre o futuro da educação diante dos números negativos que resultam dos testes com estudantes:
— É muito difícil, os números são desanimadores. Mas a gente não pode desistir. É como educar filho. É difícil, mas a gente não desiste. A educação tem de ser tratada da mesma forma.
Fundada em 10 de maio de 2013, a Elefante Letrado já ajudou cerca 700 mil alunos a ler 15 milhões de livros em 2,7 mil escolas, com investimentos de R$ 20 milhões ao longo da primeira década. Tem contrato com o governo gaúcho, o que faz com que todas as crianças das escolas estaduais usem a plataforma.
Além de vários Estados, já está em nove países, entre os quais Estados Unidos, Japão e Holanda, sempre usando o português. Mas o próximo passo, adianta Scheila, é desenvolver uma versão em inglês até 2024. Neste ano, o faturamento será entre R$ 16 milhões e R$ 17 milhões, com reinvestimento anual ao redor de R$ 3 milhões - depois de sete anos de prejuízo, observa:
— Minha esperança, como cidadã e fundadora, é pegar as crianças pela mão desde a primeira série e começar a desenvolver. Ler é como escovar os dentes, é só desenvolver o hábito.