No bate-papo que reuniu Alfredo Englert, provedor da Santa Casa, e Jorge Gerdau Johannpeter nesta terça-feira (25), na Associação Comercial de Porto Alegre, o empresário que controla uma das maiores empresas nacionais fez questão de provocar os presentes.
Ao falar de produtividade, um dos grandes desafios econômicos do Brasil, provocou os presentes:
— Vocês sabem qual é o lugar de Porto Alegre no ranking da educação?
Depois de algumas respostas otimistas da plateia, ele mesmo respondeu:
— Está em penúltimo no ranking. É uma vergonha morar em uma cidade que está em penúltimo lugar em educação. É inaceitável.
O ranking ao qual se referiu é o dos anos iniciais do Ensino Fundamental do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2019, liderado por Teresina (PI). Porto Alegre aparece em 25º lugar, à frente apenas de Maceió (AL) - Brasília não aparece na lista. Nos anos finais, a posição da capital gaúcha melhora, mas não muito: 21ª. As atualizações desse levantamento envolveram polêmicas de metodologia.
Gerdau afirmou que a educação é "o maior dilema" do Movimento Brasil Competitivo (MBC), do qual é fundador, porque há uma percepção de que há uma "estagnação" na evolução dos indicadores.
— A educação é que vai definir o futuro de qualquer atividade. É uma competência de gestão que, se não trabalharmos muito, não vamos vencer. A não educação leva a uma não capacitação profissional — justificou, sobre sua indignação com a situação de Porto Alegre.
Gerdau lembrou que, no Ceará, a remuneração maior com receitas de ICMS para os municípios com maior qualidade da educação "revolucionou" o sistema de ensino e ajuda as prefeituras. Brincou, dizendo que é uma "fórmula de bodegueiro", que remunera melhor quem obtém os melhores resultados, e lembrou que o sistema já está em implantação no Rio Grande do Sul.
— Agora, os prefeitos sabem que precisam do melhor secretário de Educação, porque pode melhorar a receita do município — afirmou.
Insistiu, ainda, que Porto Alegre precisa ter uma meta:
— Não sinto os governos e os Legislativos discutirem propósito de longo prazo. Não existe meta, eu fico louco. A educação em Porto Alegre tem de ter meta. Não pode ser menos do que terceiro ou o quarto lugar entre as capitais. Estamos criando um passivo, porque estamos criando analfabetos funcionais.
Como Gerdau lembrou, o MBC tem um projeto-piloto em Porto Alegre para avaliar resultados na rede municipal de ensino. Uma plataforma de gestão desenvolvida e implementada pela empresa Cortex, atende a todas as escolas, que somam 50 mil alunos e 5 mil professores.