Quem já se dedicou a saber mais sobre as formações rochosas de Torres sabe o quanto o Rio Grande do Sul está ligado à Namíbia - que replica os depósitos de basalto de origem vulcânica. O Estado e o país africano, hoje aparentemente tão distintos, já foram ligados fisicamente até o período da Gondwana, quando havia dois continentes no planeta (quer saber mais? Clique aqui).
Agora, essa característica está devolvendo interesse à sempre relegada Bacia de Pelotas, que apesar do nome vai de Santa Catarina, mais ou menos na altura da Praia da Pinheira, até o Uruguai, nas imediações de Cabo Polônio - passando, obviamente, por todo o litoral gaúcho.
A empresa Challenger Energy anunciou ter identificado três blocos no Uruguai que teriam um volume recuperável estimado de 1 bilhão a 2 bilhões de barris (para saber mais, clique aqui). E o que fez a Challenger investir em pesquisa e exploração no Uruguai foi um estudo geológico que apontou ligação entre as formações que renderam recentes e gigantes descobertas na Namíbia (clique aqui para saber mais) e a Bacia de Pelotas.
É uma reviravolta e tanto, oito anos depois que a gigante BP (antes British Petroleum) devolveu áreas no Uruguai por avaliar que havia "baixa probabilidade" de descobrir petróleo por lá. Há dois anos, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), chegou a oferecer um bloco para exploração na altura de Torres, mas não houve interessados.
Em compensação, houve grande inquietação com aspectos ambientais de uma eventual exploração na área, como a coluna registrou na época. Não é impossível que as descobertas tenham chegado tarde demais, com o Rio Grande do Sul já mergulhado na transição energética. Mas é improvável que o tema não desperte interesse.