Um tracinho abaixo das expectativas (0,60%), o IPCA-15 de 0,57% em abril não vira o jogo do combate à alta de preços mas contribui na pressão por corte no juro.
O indicador é conhecido como "prévia da inflação" por ter cálculo idêntico ao do IPCA oficial, com diferença apenas de período de levantamento de preços. Com esse resultado, o acumulado em 12 meses cai de 5,36% em março para 4,16% em abril.
Como a coluna havia relatado, ainda com base nas expectativas, a inflação em 12 meses ainda está bem acima do centro da meta (3,25%), mas bem abaixo do teto para o ano, de 4,75%. Ou seja, sob um exame que não considerasse as projeções futuras, permitiria um corte na Selic de 13,75% que grande parte do país espera com ansiedade.
Porém (ah, porém!), ao tomar suas decisões o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) considera o já famoso "horizonte relevante", ou seja, tenta projetar o cenário para os próximos meses - até 24, dependendo do momento. Por isso, os economistas preveem que a inflação ainda vai cair a seu nível mais baixo no ano em junho para depois voltar a subir. O principal motivo é a mudança na tributação dos combustíveis que passará a vigorar a partir de 1º de julho.
Por isso, os modelos de predição matemática dos economistas ainda situam a inflação de janeiro a dezembro em 6,2% neste ano e 5% para 2024 - ambas muito acima do teto de inflação que o BC é obrigado a perseguir. No entanto, durante ao menos dois meses a inflação deve trafegar abaixo do teto, o que no mínimo vai exigir uma calibragem cuidadosa do Copom.