Com o objetivo de impedir uma possível "invasão " de produtos chineses nos setores calçadistas do Brasil e da Argentina, os segmentos nos dois países se reuniram nesta terça-feira (7). A principal pauta dos representantes da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) e da Câmara da Indústria de Calçados da Argentina (Cic) foi a necessidade de manutenção da Tarifa Externa do Mercosul (TEC).
Na avaliação de Haroldo Ferreira, presidente-executivo da Abicalçados, o encontro foi "bastante produtivo". Para Ferreira, a Argentina vem sofrendo com "o aumento das importações de calçados, principalmente provenientes da China":
— O fim da TEC, hoje em 35% para calçados importados de países de fora do Mercosul, abriria o caminho para uma invasão chinesa nas prateleiras brasileiras e argentinas. A entrada indiscriminada de calçados asiáticos provocaria quebradeira no setor, gerando onda de desemprego. Não temos condições de competir em condições equânimes com um país que pratica dumping (preços para exportação abaixo dos praticados no mercado interno) e não respeita as legislações trabalhistas e de sustentabilidade.
A concorrência com produtos chineses e intensificou desde que o país asiático flexibilizou a sua política de covid zero. Segundo dados da Abicalçados, no ano passado entraram no Brasil quase US$ 50 milhões em calçados chineses, 34,6% mais do que em 2021. Já na Argentina, o volume é ainda maior. O país vizinho registrou o equivalente a US$ 88,7 milhões em calçados provenientes da China, uma alta de 438% em relação a 2021.
Durante o encontro, os representantes dos dois países discutiram a criação de uma moeda alternativa para o Mercosul, debatida na visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Argentina e ao Uruguai no início do ano, mas sem novidades de conhecimento do setor até agora:
— Apresentamos o Origem Sustentável, único programa de certificação em ESG para a cadeia do calçado no mundo. Os colegas argentinos avaliam que é uma forma de competir com os calçados asiáticos, que não têm esse apelo que é uma exigência do consumidor global.
Participaram do encontro, além do presidente-executivo da Abicalçados, o presidente do conselho deliberativo e o gestor de projetos, Caetano Bianco Neto e Cristian Schlindwein. Do lado argentino, participaram o presidente da entidade, Hector Alberto Sellaro, além de Horacio Moschetto, Nestor Corbera e Damian Gravagna.
* Colaborou Camila Silva