A indústria moveleira do Rio Grande do Sul faturou R$ 11,5 bilhões em 2022. O que representa um crescimento de 3,2% em relação ao ano anterior. Por outro lado, registrou queda nas exportações e geração de emprego. É o que indica um levantamento feito pela Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs).
Apesar do faturamento ter aumentado ante o período anterior, a Movergs pondera que o resultado não significa que as empresas tiveram "resultados positivos", já que é preciso considerar fatores como inflação, elevação nos custos de produção e diminuição de consumo.
Neste sentido, o desempenho já era esperado pelas empresas do setor. Já que os móveis são bens duráveis — têm consumo que não se renova a curto prazo — e em 2021, a indústria obteve um crescimento de 63,9% do volume de exportação, melhor resultado desde 1997.
À coluna, no início do ano passado, o presidente da Movergs, Euclides Longhi afirmou que era provável que o mercado interno não iria conseguir "desenvolver todo seu potencial" e que as expectativas eram baixas.
Agora, Longhi avalia que o crescimento registrado entre o segundo semestre de 2020 e o final de 2021, foi "fora da curva" e motivado pelo fato de que as pessoas estavam investindo em suas casas. Para ele, o desempenho do setor mostra que "o segmento está retomando um ritmo parecido com o período anterior à pandemia":
— O setor como um todo está se reacomodando, desde a produção até o varejo. Isso não significa necessariamente que as vendas vão diminuir em 2023, até mesmo porque existem oportunidades no mercado que ainda podem ser exploradas.
Em 2022, as exportações movimentaram US$ 254,6 milhões em vendas para 112 países, sendo Estados Unidos, Uruguai, Chile, Peru e Reino Unido os principais compradores. Em relação ao período anterior, o recuo é de 13,1%.
O desempenho das indústrias impactou negativamente a geração de empregos, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o setor encerrou o ano com 36.727 postos de trabalho ocupados, diminuição de 1,88% no comparativo com 2021. Em 2019, ano que antecedeu o início da pandemia, a indústria moveleira do Rio Grande do Sul empregava 33.726 profissionais.
Para este ano, a projeção prevê incremento de 2% a 3% no faturamento. Entretanto, Longhi pontua que a meta será "mais realista" após o balanço do primeiro semestre.
— Se o governo seguir medidas para expansão do crédito, taxas de juros mais competitivas, controle inflacionário, além da redução do desemprego, toda a economia brasileira será beneficiada, inclusive o setor moveleiro — finaliza.
Além do Caged, o levantamento consultou dados da Secretaria da Fazenda (Sefaz) e do portal Comex Stat.
* Colaborou Camila Silva