
Não precisava, justo agora que Donald Trump começa a se inclinar à realidade, cutucar essa onça com vara curta. Foi o que fez Luiz Inácio Lula da Silva na terça-feira (13) na China. Mesmo incluindo na declaração uma ressalva importante, o presidente da República voltou a um tema que causa ruído na relação com o presidente dos Estados Unidos:
– A gente não quer brigar com o dólar. Quer, na verdade, criar um jeito de encontrar ou uma moeda ou uma cesta de moedas que possa permitir que a gente possa fazer negócio sem ficar dependendo de uma única moeda.
Também é preciso considerar o fato de que não foi uma declaração espontânea, mas provocada por perguntas de jornalistas. Mesmo assim, Lula poderia usar uma fórmula mais diplomática, depois da ameaça explícita de Trump de elevar para 100% a tarifa de países que tentem substituir ou tirar a relevência do dólar.
Também é verdade que o bullying de Trump com tarifas de três dígitos parece já ter virado peça do museu de grandes novidades. Mas como o presidente dos EUA é instável, seria melhor manter o discurso comercial brasileiros longe de seus ouvidos. Da forma como foi feito, vai chegar.
Até agora, a diplomacia brasileira está se comportando à altura do desafio imposto pelos EUA. O método foi parecido com o do Reino Unido, primeiro a obter ao menos um esboço de acordo comercial no manicômio tarifário em que Trump mergulhou o mundo.
Tomara que o atual ocupante da Casa Branca esteja mais ocupado com a validação dos termos do acordo com a China que ajudou a devolver algum otimismo ao mercado financeiro.