Indicado no último dia útil de 2022, o futuro presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, é bem-visto dentro do atual conselho de administração da empresa e nas esferas relacionadas à vigilância sobre a gestão da estatal.
A coluna fez consultas e recebeu como respostas "bom nome" e até "o melhor dos nomes especulados".
Isso significa que, apesar de dúvidas levantadas sobre o fato de ser senador, Prates deve ser aprovado sem muita dificuldade nos processos internos da companhia. Até porque, como lembrou um integrante do conselho à coluna, os seis nomes indicados ao colegiado pelo governo anterior devem ser substituídos. Para ilustrar a naturalidade com que o nome foi recebido nas instâncias internas da estatal, a coluna recebeu esta resposta:
— Nem virou papo de botequim.
Quando a coluna indagou sobre possíveis resistências diante da carreira política do senador, ouviu de um crítico de políticas de governos petistas anteriores, que deve fazer reparos também ao atual:
— Não passaram os conselheiros indicados agora há pouco?
Foi uma referência à polêmica da última troca encaminhada pelo governo Bolsonaro, que culminou com a aprovação de Caio Paes de Andrade - com formação em comunicação social - para a presidência da Petrobras, que só foi possível com a troca de boa parte do conselho.
No entanto, se o nome de Prates não encontra resistências no "establishment" que cerca a estatal, há cautela sobre a mudança na política de preços, a famosa Paridade de Preços de Importação (PPI).
— Tem de esperar ele chegar para poder entender — disse um defensor do alinhamento de preços ao mercado externo, que Prates já sinalizou pretender manter de alguma forma.
Como a coluna já detalhou, a PPI tem um cálculo que ninguém sabe como é feito atualmente - o que foi reiterado por Prates. Quando foi implantada, seguia de forma automática a variação internacional de preços, inclusive com mudanças diárias na bomba, mas foi alterada ao longo do tempo.
Para lembrar, Prates ajudou a elaborar a Lei do Petróleo, de 1988, que quebrou o monopólio da estatal. Se isso ajuda a ser bem-visto por parte dos stakeholders (partes relacionadas), é um problema para outros. Integrantes da direção da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet) criticam o senador petista por ter um suposto "histórico privatista". O argumento é de que, de seus 54 anos de vida, teria dedicado 28 "ao trabalho para as grandes petroleiras internacionais - entre elas, três do cartel das Sete Irmãs: Shell, Texaco e Gulf".