Era uma definição já tão esperada que foi em um tuíte que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, oficializou sua escolha para a presidência da Petrobras.
O senador Jean Paul Prates (PT-RN) era cotado para o cargo desde as primeiras definições do grupo temático de minas e energia na equipe de transição. Ao sair do hotel onde Lula está hospedado, em Brasília, confirmou que há planos de "abrasileirar" o preço dos combustíveis, como dizia Lula na campanha, com a mudança na política de preços:
— Vai ser alterada. Mas não para traumatizar o investidor nem o retorno dos investimentos. Vai ser alterada porque a política do país vai ser alterada. A mudança de política, diretrizes de preço, vai ser dada pelo governo.
No início deste ano, defendeu a aprovação de um fundo de estabilização para evitar os sobressaltos que o país enfrentava com o impacto da alta do petróleo nos preços dos combustíveis, como registrou a coluna. Indagado, há algum tempo, se essa seria sua agenda na Petrobras, respondeu que o assunto é de governo, não apenas de decisão da estatal. Consultado pela coluna para detalhar os planos, avisou que fará um "período de silêncio" até que o processo de aprovação de seu nome pelo sistema de governança da Petrobras.
Prates não espera problemas para ser aprovado para o cargo. Advogado e economista, integrou a assessoria jurídica da Petrobras Internacional (Braspetro) no final da década de 1980. No início da década de 1990, fundou a primeira consultoria brasileira especializada em petróleo. Em 1997, no governo FHC, participou da elaboração da Lei do Petróleo, que quebrou o monopólio da Petrobras.
Em 2001, fez um plano energético para o Rio Grande do Norte, focado em fontes renováveis e a revitalização do setor de petróleo. Em 2007, assumiu a Secretaria de Energia e transformou o litoral potiguar em um ímã para projetos eólicos. Foi tão eficiente que chegou a "incomodar" o Rio Grande do Sul. A coluna cansou de acompanhar leilões públicos com projetos gaúchos em que o Rio Grande do Norte levava todos. Nos cálculos do senador, foram cerca de R$ 10 bilhões em investimentos para o Estado.
Em 2014, foi suplente na eleição de Fátima Bezerra (PT) para o Senado e assumiu a cadeira com a eleição da titular para o governo do Estado. Foi líder da minoria e se envolveu na definição de marcos legais sobre transição energética e práticas sustentáveis, combustíveis, educação digital, mobilidade urbana e infraestrutura ferroviária. Na nota que enviou logo depois da confirmação por Lula, reiterou um de seus planos para a Petrobras: a retomada da atuação da estatal como uma empresa de energia, não apenas de petróleo:
— Vejo a Petrobras como uma empresa que precisa olhar para o futuro e investir na transição energética para atender às necessidades do país, do planeta e da sociedade, além dos interesses de longo prazo de seus acionistas.