Depois de reunião com a direção da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) - com Josué Gomes garantido na presidência com ajuda de Michel Temer -, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez acenos ao setor produtivo e ao mercado financeiro.
Nesse último grupo, chamaram atenção os afagos ao Banco Central (BC), após críticas à autonomia da instituição feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Haddad fez questão de falar em "avanços que precisam ser mencionados" para aumentar a concorrência bancária.
— Com fintechs e cooperativas de crédito, saímos de concentração de 80% para 70%, o que já mostra vigor no sentido da redução.
Parte dessa redução já é fruto do mecanismo chamado "open finance", que permite a correntistas de um banco receber oferta da concorrência na contratação de produtos do segmento. Haddad relatou que teve reunião de uma hora e meia no BC, ao final da qual assumiu um compromisso:
— Vamos desengavetar todas as iniciativas (do BC) paralisadas no Executivo e já me comprometi a endereçar a agenda de reformas no sistema de crédito. A Selic é uma trava para todos nós, mas dá para diminuir o spread, melhorar o sistema de garantias. Vamos abraçar a agenda de reforma do sistema de crédito — afirmou.
Haddad também fez afagos ao setor produtivo. Em uma frase, reiterou compromisso com a reforma tributária e afastou temores de volta da CMPF que haviam voltado a circular:
— A reforma tributária são não foi votada porque se insistia com a agenda da CPMF, isso acabou criando obstáculos. O que estava no Congresso ainda ia carecer de cuidados por suscetibilidades setoriais para as quais teremos resposta assim que o Congresso abraçar o tema, depois das eleições para as presidências da Câmara e do Senado.
As "suscetibilidades" às quais se refere são de segmentos não industriais. Nas propostas de emenda constitucional que já tramitam na Câmara e no Senado e serão retomadas pelo governo atual, as fábricas são beneficiadas, mas a carga sobe para comércio e serviços.
Ao dizer que terá "resposta" para esse problema, Haddad cria expectativa positiva para os setores que resistiam à reforma. Em entrevista à coluna antes de ser indicado ao cargo, o atual secretário especial da Reforma Tributária, Bernard Appy, acenou com a possibilidade de desoneração da folha de pagamento. A fala de Haddad pouco mexeu com o mercado financeiro - bolsa e dólar seguem perto da estabilidade -, o que já é um bom sinal.