Estreia na quinta-feira (15) a segunda fase do programa open finance — antes chamado de open banking — do Banco Central (BC).
Empresas não-bancárias que atuam com produtos financeiros confiam que as novas regras vão "sacudir" o concentrado sistema bancário do Brasil. Mas além de permitir que outros agentes atuem, qual será o benefício dos clientes?
A promessa do BC é de maior concorrência, que costuma significar preços menores para o consumidor dos serviços. Para quem duvida dessa capacidade, a Associação Brasileira de Bancos (ABBC) fez levantamento em que 81,9% dos 30 bancos médios só pretende aderir na terceira fase, a partir de 30 de agosto. Se a adesão agora é opcional, dentro de 45 dias será obrigatória. A principal justificativa dos bancos para adiar o ingresso é "ganhar mais tempo para a preparação". Na prática, pode-se resumir a "ganhar mais tempo".
Para lembrar, o nome do programa foi alterado pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, com a intenção de unificar todas as iniciativas de digitalização de serviços financeiros e o acesso mais amplo a dados, como os relacionados a investimentos, seguros e previdência. Uma das ambições do BC é a criação de marketplaces (shoppings virtuais) de crédito, em que o consumidor possa escolher em poucos cliques a linha mais conveniente para suas necessidades.
O objetivo do BC é permitir rápido e fácil compartilhamento dos dados dos clientes — até agora, uma espécie de "ativo" dos bancos —, para que todos os agentes possam cruzar informações sobre custos e oferecer o mais conveniente para o contratante. Além de reduzir o valor do serviço, há intenção de reduzir a burocracia nesses processos, ganhando agilidade sem perder segurança.
Segundo Campos Neto, outro impacto esperado é o incentivo à inovação financeira, com novos modelos de negócios. O presidente do BC costuma citar aplicativos de aconselhamento financeiro e transferência de recursos em ambientes mais familiares para os consumidores — como já ocorre no WhatsApp. E, é bom lembrar, o BC prepara a estreia do real digital com uma série de discussões virtuais que começam no dia 29 (veja detalhes clicando aqui).
O conceito do open finance, diz Campos Neto, é de que o consumidor é titular de seus dados cadastrais e financeiros e pode transferir essas informações a outras instituições, em qualquer momento, para obter produtos melhores ou de serviços a preços mais baixos. É uma espécie de corte de cordão umbilical entre os bancos e seus clientes, até agora cativos.
O que é open banking, agora open financing
O princípio é de que os dados bancários pertencem aos clientes e não às instituições. Por isso, o BC vai exigir que as instituições financeiras cedam essas informações sem qualquer custo quando o cliente solicitar e autorizar. O objetivo é permitir que as pessoas movimentem suas contas em diferentes plataformas, e não só pelo aplicativo ou site do banco à qual estão ligadas. A aplicação será possível por meio de uma tecnologia chamada interface de programação de aplicativos, conhecida pela sigla em inglês API. É um conjunto de padrões de programações que permite interação entre sistemas diferentes, inclusive não financeiros. A previsão de entrada em vigor no Brasil é 30 de novembro. Veja mais detalhes na áreas do BC destinada ao assunto clicando aqui (ainda sob o nome open banking).