A "prioridade total" do novo governo à reforma tributária - ao menos a dos impostos sobre o consumo - tem apoio da indústria. Conforme o presidente da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), Gilberto Porcello Petry, sua entidade e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) apoiam as propostas de emenda constitucional (PECs) 45 e 110, que já tramitam no Congresso.
As duas propostas tratam de um novo imposto sobre o consumo que, basicamente, substituiria o ICMS (estadual) e o ISS (municipal), além de IPI, PIS e Cofins.
Conforme Petry, um dos motivos pelos quais as propostas têm a aprovação do setor é a redução da carga sobre o setor fabril. Esse é exatamente um dos "problemas" das duas propostas: ao tentar reequilibrar a carga tributária, enfrentam resistência dos segmentos que terão aumento no peso. Quando a coluna quis saber se agora sai a reforma esperada há mais de 30 anos, Petry confessou:
— Eu tenho dúvida. Pode ser que, se Lula entrar com força, ele consiga.
Sobre as pressões para que o futuro governo faça uma revisão de renúncias fiscais, muitas das quais destinadas a segmentos industriais, Petry ponderou que só deveria ter algum tipo de tratamento especial algum setor que de fato precise dessa condição para sobreviver.
— Olha o caso da Zona Franca de Manaus. Era para ser por 20 anos, passou para 40 e agora vai completar 70 e tudo segue como estava.
A revisão dessas excepcionalidades é uma das alternativas para que o orçamento pudesse acomodar mais gastos sociais sem necessidade de aumentar as despesas totais, como está ocorrendo agora com a PEC da Transição.
Durante a apresentação das projeções da Fiergs para 2023, Petry afirmou que o pedido de recriação do Ministério de Minas e Energia - também com a chancela da CNI - dirigido ao novo governo foi baseado na necessidade de "reindustrialização do país" e de "contato direto" do setor com o Poder Executivo. Ao comentar, lamentou que, durante a gestão de Paulo Guedes no Ministério da Economia, não foi possível fazer essa interlocução direta.