A coluna já havia afirmado que, se fosse possível repetir o desempenho do primeiro e do segundo trimestres, o PIB anual teria um salto acima de 4%, o que não se via há mais de uma década, desde 2011.
No país em que a inflação atingiu dois dígitos e só "caiu" de forma artificial, com o corte de alíquotas de ICMS sobre gasolina - produto de maior peso no IPCA - foi preciso acionar o remédio amargo para a alta de preços, a elevação do juro. Fez efeito, e a atividade econômica avançou apenas 0,4% no terceiro trimestre em relação ao período anterior, como se previa.
O resultado foi exatamente o mesmo antecipado pelo Monitor do PIB do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV). Com esse pequeno avanço, em três trimestres o PIB de 2022 acumula alta de 3,2% no ano em relação a igual período de 2021.
O número ficou acima do estimado para todo o ano pela maioria dos analista, de 2,8% (dado do Boletim Focus do Banco Central). É claro que pode haver revisão de projeções, mas também há um recado embutido nessa relação entre indicador e estimativa: há expectativa de queda no PIB do último trimestre deste ano.
A coluna, que sempre busca o sinal de futuro embutido no retrovisor do cálculo do PIB (que sempre se refere ao trimestre anterior ao corrente), colheu uma boa surpresa no terceiro trimestre. O indicador de investimentos produtivos, chamado formação bruta de capital fixo (FBCF), teve alta de 5%, conforme o IBGE, graças ao crescimento da construção, ao desenvolvimento de softwares - um sinal que volta a dar boas notícias - e à produção e importação de máquinas e equipamentos, os chamados bens de capital.
Como no terceiro trimestre o IBGE costuma fazer revisões dos cálculos do ano anterior, trouxe uma boa notícia pretérita: o crescimento do PIB em 2021 passou dos 4,6% divulgados anteriormente para 5%.