Se no primeiro trimestre já havia ocorrido uma boa surpresa com o forte crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), o resultado do segundo trimestre, divulgado nesta quinta-feira (31) entregou até um pouquinho mais do que o esperado, com nova alta de 1,2%.
Caso fosse possível repetir esse desempenho nos dois trimestres seguintes, o PIB anual teria um salto pouco acima de 4%, o que não se vê há mais de uma década, ou seja, desde 2011.
Mas é fácil perceber que as estimativas dos economistas são mais modestas para o segundo semestre porque uma das mais otimistas projeções que a coluna conhece é de 2,8% para o PIB de 2022 (leia mais abaixo). Se em metade do ano já está garantido um acumulado de 2,5%, é fácil deduzir que os próximos trimestres terão ritmo mais moderado, ao menos na perspectiva média dos analistas.
Essa projeção é do economista-chefe do banco Fibra, Cristiano de Oliveira. Um dos motivos, pondera, é que parte do crescimento vem de estímulos administrados pelo governo Bolsonaro, como antecipação do 13 salário e liberação de FGTS, que não vão se repetir. Foi isso que permitiu, ao lado da relativa recuperação do emprego, que o consumo das famílias tenha crescido 2,6% na comparação com o trimestre anterior e 5,3% ante o mesmo período do ano passado, ambos ligeiramente acima das expectativas. Como é do período de abril a junho, esse resultado ainda não reflete o reforço de R$ 200 no Auxílio Brasil.
O sinal de futuro embutido no retrovisor do cálculo do PIB (que sempre se refere ao trimestre anterior ao corrente) também embutiu boas notícias. O indicador de investimentos produtivos, chamado formação bruta de capital fixo teve alta de 4,8% na comparação com o trimestre imediatamente anterior e ainda 1,5% acima do mesmo período do ano passado. Como reflete a velocidade da compra de máquinas e equipamentos para a produção e na construção civil, deixa uma herança positiva para o período seguinte.
Oliveira estima crescimento entre 0,7% e 0,9% no PIB do terceiro trimestre. É dele a projeção mais alta para o ano que a coluna conhece até agora: 2,8% para 2022, mantida com o resultado ligeiramente acima do esperado. Para 2023, a perspectiva é mais cautelosa: escassos 0,4%, pela perspectiva de aumento da taxa real de juros nos próximos meses, menor impulso fiscal e cenário internacional mais desafiador para mercados emergentes com a política monetária mais dura dos bancos centrais globais.