Alguém já disse que tanta coisa aconteceu em 2022 que não parece ter sido um ano, mas uma década. No mundo dos cifrões, ninguém foi tão visível quanto Elon Musk, que virou alvo ainda maior depois da barulhenta compra do Twitter.
Tanto "muskism" cobrou seu preço: o bilionário encerra o ano US$ 700 bilhões "mais pobre", um consolo para quem, como ele, não teve um bom ano - ou uma boa década.
A conta veio sob a forma da perda de valor de mercado do negócio que o credenciou para o universo dos "podres de ricos", a Tesla. As ações da fabricante de carros elétricos esportivos caíram 69,5% de janeiro até a quinta-feira (29), de US$ 399,93 para US$ 121,82.
Entre os motivos, questões corporativas, como queda na demanda e interrupção na produção de veículos na China, mas também pessoais, como o desvio de foco de seu CEO para o Twitter. Nem toda a perda da Tesla vai para a conta de Musk, porque há outros acionistas, mas o resultado ajudou a afastá-lo dos topos de ranking dos mais ricos do mundo.
Esse afundamento é uma das razões para a famosa "enquete" realizada por Musk na sua rede social que resultou em maioria favorável a sua saída do comando executivo do Twitter. A queda nas ações da Tesla se aceleraram no final do ano, depois que a companhia ofereceu descontos inusuais para quem comprasse um carro elétrico com entrega ainda dem 2022. E o mais curioso é que, apesar da despencada dramática, há expectativa de que, no final de janeiro, quando divulgar os dados deste ano, o lucro alcance um recorde histórico.
A coluna, que desde 2018 desconfiava que Elon Musk tivesse se inspirado em um desses bilionários excêntricos que costumam ser vilões em filmes de franquias, não se surpreendeu que, ao cabo deste ano que pareceu uma década, tenha ajudado a inspirar exatamente esse personagem, no filme Glass Onion, como apontou o colega Ticiano Osório. Miles Bron não é só Musk, mas fez o inspirado virar inspirador.