Como se previa, a economia foi determinante na campanha eleitoral. Temas como inflação, emprego e renda permearam debates, muitas vezes com números distorcidos ou simplesmente inventados. Mesmo assim, até definições urgentes, como a solução para manter o benefício social de R$ 600, com o nome que tiver, não foram sequer tangenciadas.
O presidente Jair Bolsonaro e candidato à reeleição pelo PL dourou a melhora relativa nos indicadores, como no PIB e no desemprego. Seu principal adversário, Luiz Inácio Lula da Silva, exagerou dados que lhe seriam favoráveis, embora polêmicos, como o aumento real do salário mínimo.
O mercado financeiro, que costumava variar com intensidade ao sabor das pesquisas em disputas passadas, seguiu o comportamento estável das intenções de voto. Entre as justificativas, o fato de que atualmente o risco externo é maior do que o interno, além da confiança de que nenhum candidato representa ruptura.
Nesta sexta-feira, último dia útil antes da votação em primeiro turno, uma última especulação movimentou dólar e bolsa depois de um dia de resultados ruins. No início da tarde, a revista Veja publicou informação atribuída a "importantes membros da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva" davam como certa a nomeação de Henrique Meirelles como ministro da Fazenda em caso de vitória do petista.
A bolsa intensificou a valorização, para fechar com alta de 2,2%, e o dólar que subia passou a cair, mas encerrou o dia praticamente estável, em R$ 5,395. A subida expressiva do mercado local no dia que sua referência, a bolsa de Nova York, teve queda de 1,7%, evidencia o fator local no humor do mercado de ações.
Desde que Meirelles explicitou apoio a Lula, porém, os dois divergiram sobre o teto de gastos. O candidato reafirmou que vai extingui-lo, o ex-ministro disse que seria "um erro". Economistas que sabem como ambos operam avaliam que uma coisa é discurso, a outra é a prática, mas o fato é que investidores e especuladores parecem ter comprado a tese.
Como Bolsonaro reforçou a presença de Paulo Guedes na reta final da campanha, as dúvidas sobre um eventual segundo mandato são menores, embora não pequenas. Afinal, o ministro da Economia já avisou que está trabalhando para substituir o teto de gastos.
A campanha de Lula foi mais opaca até a adesão de Meirelles, até por não ter um interlocutor "oficial" com o empresariado e o mercado. O candidato a vice, Geraldo Alkmin (PSB) desempenhou esse papel, mas o candidato cumpriu a promessa - ou ameaça - de não detalhar sua política econômica na campanha.