Logo no início da tarde, alguns analistas de mercado passaram a atribuir parte da reação da bolsa de valores no Brasil nesta segunda=feira à adesão do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva, formalizada pela manhã.
No final da tarde, quando a bolsa fechou com alta de 2,33% em dia já contagiado pela "tensão pré-Copom" - tem decisão sobre juro na quarta-feira (21), aqui e nos Estados Unidos - , virou diagnóstico generalizado: parte do bom humor vem do "chama o Meirelles".
É preciso entender o contexto. Até agora - e continua assim, mas agora há uma foto com Meirelles fazendo o "L" de Lula -, não havia pistas sobre quem é o "Posto Ipiranga" do candidato petista, que lidera quase todas as pesquisas de intenção de voto. Os economistas "PT raiz", como Aloizio Mercadante, Ricardo Carneiro, Guilherme Mello e Nelson Barbosa, são vistos com ressalvas por investidores e especuladores.
Por isso, o surgimento de Meirelles gera expectativa de que possa vir a ser o elemento de previsibilidade na economia em uma eventual eleição de Lula. André Perfeito, economista-chefe da corretora Necton, comparou a foto à Carta ao Povo Brasileiro de 2002, quando Lula se comprometeu com os pilares básicos da estabilidade, no sentido de que sinaliza que "irá ficar no centro econômico".
Caso isso ocorra, será preciso resolver uma potencial saia-justa entre os dois: está escrito no programa do candidato que ele vai revogar o teto de gastos. A imposição da regra foi uma decisão de Meirelles quando ocupou o Ministério da Fazenda na gestão de Michel Temer. No Twitter, Meirelles já deu sinais de que pode, sim, voltar ao cargo caso Lula vença: disse saber "o que funciona e o que pode funcionar no Brasil". Vai ser preciso negociar.