Na segunda-feira (23), as ações das Lojas Americanas decolaram 22% na bolsa de valores. Nesta terça-feira, aumentaram a altitude em 16%. O movimento chamou atenção não só por ser anormal, mas também por envolver uma empresa sobre a qual circulavam no mercado perguntas do tipo "o que está acontecendo?", em tom de preocupação.
Na sexta-feira (19), depois do fechamento do mercado, a empresa avisara ao mercado que terá um novo presidente a partir de 1º de janeiro de 2023.
O que ecoou foi o nome: Sérgio Rial, o executivo que transformou o Santander no banco estrangeiro que realmente deu certo no Brasil. E um detalhe: mesmo atuando como principal executivo das Americanas, não vai deixar a presidência do conselho do banco espanhol.
Em fevereiro deste ano, o site das Americanas saiu do ar, assim como os de Submarino e Shoptime. A empresa suspendeu parte dos servidores de e-commerce por questões de segurança. Foi mais um ataque hacker que espalhou inquietação sobre a segurança da empresa. Além disso, a rede de lojas físicas costuma apresentar "ruptura" (falta de produtos) acima da média do varejo, de forma muito perceptível pelos clientes.
Em novembro de 2021, os sócios do grupo Garantia, Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, abriram mão do controle da rede depois de 40 anos. Ao longo deste ano, a empresa perdeu quase metade de seu valor de mercado (cotação multiplicada pelo número de ações). Conforme analistas, foi resultado de inflação e juros altos - que retiram renda da população, portanto reduzem consumo - e elevação da inadimplência. Em dois dias, o mercado devolveu quase tudo (41,5% considerando os percentuais acumulados) à Americanas, mas vai cobrar reação da companhia.