A esperada correção da tabela que define a cobrança de Imposto de Renda para pessoas físicas foi anunciada com fanfarras em junho do ano passado, mas como se sabe, ficou no meio do caminho e tirou de circulação na economia R$ 149 bilhões.
Agora, no embalo para a reeleição de Jair Bolsonaro (PL), o assunto volta à discussão justo quando boa parte da classe média que tem votos preciosos na mão depara com o peso do ajuste da declaração anual na prestação de contas ao Leão, adiada para 31 de maio.
Atualmente, só está livre da mordida quem ganha até parcos R$ 1.903,98, o que significa pouco mais de um salário mínimo e meio. É uma faixa de renda abaixo da que costuma caracterizar a classe média, normalmente mais afetada pelo Imposto de Renda. A promessa, em junho passado, era isentar a faixa de renda de até R$ 2,5 mil.
Agora, o que se sabe por informações de técnicos da equipe econômica é que o assunto voltou a ser estudado, mas não há garantia de que será possível alcançar esse valor — na época, já correspondia à metade do valor prometido na campanha do candidato Bolsonaro. O que se avalia é a, digamos, conveniência de aproveitar a chamada "sobra de espaço na meta fiscal" que permitiria ao governo abrir mão de receita. Ah, então está sobrando dinheiro na União? Não, é que a Lei de Diretrizes Orçamentárias deste ano autorizou rombo de até R$ 170,5 bilhões.
Depois de atender a faixa de renda mais baixa com o reforço e transformação do Bolsa Família em Auxílio Brasil, com evidentes resultados eleitorais, agora a meta de Bolsonaro é recuperar alguma simpatia na classe média assolada por inflação e juro de dois dígitos e desemprego ainda elevado.
O preço do afago (na verdade, seria uma justiça, e ainda incompleta, mas essa é a visão da baixa política) à classe média seria desistir de um corte mais acentuado no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), de 25% para 33%. Por que o primeiro corte não fez nem cócegas na inflação, que ameaça voltar a ser "galopante"? Não, porque Bolsonaro teria se irritado com o gesto dos governadores de também agirem com foco na eleição e anunciarem a fixação da alíquota de ICMS sobre combustíveis.
Na verdade, tudo muito lógico, de um certo ponto de vista .