Um dos responsáveis por colocar o Rio Grande do Sul no mapa da energia eólica, Telmo Magadan, que comandou a instalação do pioneiro complexo de Osório, avalia que o Estado precisa de um fundo financeiro e de uma campanha institucional para atrair investidores.
O fim do problema de conexão, pondera, permite encerrar um período de sete anos sem projetos de geração no Estado, mas ainda é preciso um esforço adicional para semear ventos e colher eletricidade em território gaúcho.
Para tentar baixar o custo do financiamento, principal problema na competição do Estado com outras regiões, Magadan propõe a criação de um fundo de investimentos, se possível capitaneado pelo BRDE:
— É preciso abrir uma discussão do setor com o BRDE e o governo do Estado. Ficamos sete anos fora e, nesse período, o Nordeste ganhou enorme protagonismo. No retorno, ajudaria muito ter um fundo de energias renováveis que compensasse, ao menos em parte, os subsídios do Nordeste. O BRDE tem razão ao observar que não tem acesso aos recursos do fundo de desenvolvimento (exclusivo para Norte, Nordeste e Centro-Oeste), mas podemos melhorar as condições de financiamento de projetos no Estado.
Empreendedor no segmento, Magadan lembra que o Rio Grande do Sul tem bons ventos, mão de obra qualificada, cadeia produtiva estruturada e, agora, conexão à rede. São vantagens que poderiam ser alvo de uma campanha institucional para divulgar o novo momento da conexão elétrica no Estado, sustenta.
— Qual o setor que pode ter mais investimentos do que a energia eólica? Temos potencial de bilhões em projetos, com resultado de desenvolvimento econômico e social, basta ver os casos de Osório. O BRDE, por sua eficiência, que permitiu recorde de financiamento no ano passado, poderia liderar um grande fundo na área de renováveis, com participação internacional — sugere.
Com projeto eólico em Tapes engatilhado desde 2018, Magadan diz já perceber sinais de interesse de investidores. O parque de sua empresa, a Brain, passa por reformulação, mas segue focado no mercado livre e autoprodução, portanto não depende de leilões públicos. Observa que a crise energética aumentou o interesse de empresas por autoprodução, que oferece mais segurança de abastecimento e custos. Mas um fundo e uma campanha podem acelerar esse processo, insiste.