
Preocupada com os obstáculos à participação em leilões públicos, a gaúcha Brain Energy decidiu partir para o mercado livre privado de energia eólica. Há mais de dois anos, os sócios Daniel Andrade e Telmo Magadan, que implementou o primeiro parque eólico do Estado, o de Osório, formataram um projeto para venda direta a grandes consumidores de energia. Segue com a aposta, mas agora começa a ver possibilidade de voltar a disputar leilões públicos federais.
– O plano de negócios da Brain, que prevê 1,5 mil megawatts, será incentivado por um sistema de transmissão mais robusto. O Rio Grande do Sul será a próxima fronteira da energia eólica no país. O Estado foi pioneiro, mas acabou perdendo protagonismo para o Nordeste, que ficou com carga muito elevada de energia eólica, precisando de térmicas a diesel para complementar. O RS tem sistema e potencial hídrico para acionar, com custo muito menor – diz Magadan.
A energia produzida a partir de vento é considerada intermitente, isso é, não funciona o tempo todo, porque há momentos de parada no ar. Para garantir o abastecimento contínuo, é preciso garantir fontes complementares, como a térmica ou hídrica, que podem gerar independentemente das condições do tempo.
– Com essa crise política, dificuldades do Ministério de Minas e Energia, os preços ficaram inexplicavelmente baixos nos leilões, fora da realidade. Mas estamos habilitados para disputar leilões, e essas obras de transmissão de energia são importantes para o Estado, porque destravam investimentos – destaca.
Conforme Magadan, já se vê mais investimentos vindo para o Estado. A própria Brain fez acordo com a Índigo, empresa de administração de estacionamentos, que gerencia 190 mil vagas no Brasil. A empresa vai comprar energia gerada pela Brain em Tapes, no parque de Capão Alto (imagem). A intenção é abastecer os shoppings em que a Índigo atua no país.