Na última projeção feita neste ano por Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco, os destaques para 2022 são duas quedas. A ruim é a do PIB, de 0,5%, que poderia ser pior. A boa é a da inflação, de 10% para 5% ao ano, que poderia ser melhor.
Mesquita também apresentou a um grupo de jornalistas, entre os quais a coluna, um panorama da reação à covid-19. A comparação não é muito favorável ao Brasil. Indagado sobre os motivos que nos levam a invejar o Chile, respondeu:
— O Brasil adotou políticas mais eficazes em reparar a demanda do que em restaurar oferta.
Segundo Mesquita, a questão fiscal explica porque a economia mundial vai sair da pandemia ainda mais desigual do que entrou. Os países ricos vão conseguir manter estímulos fiscais por mais tempo do que os emergentes. O Brasil começou a elevar o juro básico antes dos demais países da região, mas agora todos estão sendo obrigados a fazer o mesmo para domar a inflação.
Conforme o economista, a desaceleração da atividade econômica neste final de ano já é resultado da Selic mais alta. O Itaú tem dados diários que já mostram esse resultado. Sua projeção é de que chegue a 11,75%
— Já é um nível bastante restrito. Já começou a fazer isso e vai, sim segurar a atividade econômica. Não tem muito jeito. Tem de desinflacionar a economia. Há sinais de disseminação do processo inflacionário. Não dá para tentar conviver. Tentou-se no passado, foi um fracasso retumbante, deu em hiperinflação — diz.
Segundo Mesquita, há risco de a queda no PIB ser maior se o juro subir mais. A melhor perspectiva para 2022, diz Mesquita, é a queda da inflação pela metade. Mas projeta a mudança de bandeira na conta de luz de "emergência hídrica" para "vermelha 2" só no
final do próximo ano.