É uma coincidência que a quarta e decisiva fase do open banking venha logo depois da impressionante abertura de capital do Nubank, que estreou na bolsa de Nova York com valor de mercado superior ao do Itaú Unibanco (na data, US$ 41,5 bilhões ante US$ 37,7 bilhões).
Mas há um ponto em comum: são dois sintomas de uma mudança que, como se diz no mercado, vai "sacudir o mercado bancário". Nesta quarta-feira (15), tem início a quarta fase do open banking.
Por sua maior abrangência em relação às anteriores, marca a passagem do nome original para a etapa "open finance", porque bancos, instituições financeiras, fintechs e quaisquer outros agentes que atuem no segmento devem passar a compartilhar — sempre depois de consentimento do cliente — dados sobre investimento, seguros, previdência e operações de câmbio. O objetivo é estimular maior concorrência para baixar custos de serviços.
Pelo fato de passar a um cardápio mais amplo do que os serviços bancários tradicionais, passa a poder ser chamado, de fato, de open finance. O que começa nesta quarta-feira (15) é a fase de implementação interna. Os clientes e usuários de bancos e plataformas poderão receber ofertas mais competitivas a partir do próximo ano. O compartilhamento é semelhante ao adotado em fevereiro passado apenas com dados cadastrais.
A expectativa é de que permita a oferta de serviços mais baratos e personalizados, especialmente na área de investimentos, ou aplicações financeiras. Conforme Fabio Lins, superintendente executivo de canais, Pix, Inteligência Artificial e Open Finance do Banco Original, esse novo passo deve gerar "grandes inovações" no segmento.
O que é open banking
O princípio é de que os dados bancários pertencem aos clientes e não às instituições. Por isso, o BC vai exigir que as instituições financeiras cedam essas informações sem custo quando o cliente solicitar e autorizar. O objetivo é permitir que as pessoas movimentem suas contas em diferentes plataformas, e não só pelo aplicativo ou site do banco à qual estão ligadas. Veja mais detalhes na área do BC destinada ao assunto clicando aqui.
Como funciona
- Só entra no sistema quem quiser ter acesso a produtos e serviços de outros bancos. Os clientes vão receber consulta sobre seu interesse em compartilhar dados cadastrais (nome, CPF, endereço, estado civil, e-mail, renda ou faturamento, nomes de pai, mãe e cônjuge) e transacionais (extrato da conta, posição em investimentos, carteira de crédito). A ideia é dar acesso a essas informações para avaliação de risco e custo de crédito, por exemplo.
- Não vai existir um cadastro único em que as todos os dados ficam disponíveis. Só são compartilhados entre o banco de origem e o autorizado. E será um duplo consentimento: para a instituição X pedir os dados e a Y, fornecê-los. Também é preciso especificar a finalidade. Se foi permitido compartilhar para uma oferta de crédito, por exemplo, não podem ser usados para um investimento.
- Caso o cliente autorize, os dados só vão migrar do banco A para o banco B, por prazo definido, no máximo 12 meses. Se mudar de ideia, o correntista pode cancelar o compartilhamento a qualquer momento.
- A comunicação entre os bancos será por plataformas API (sigla em inglês para protocolo de interface entre aplicativos), que permitem contato entre apps.