A queda do Facebook, Instagram e Whatsapp, na segunda-feira (4), afetou drasticamente milhares de pequenos negócios que, durante a pandemia, usaram as redes sociais como canal de vendas e de relação com os clientes.
Um dos casos foi o da empresa de comida congelada saudável FeelJoy, de Porto Alegre. No seu perfil no Instagram, tem 14,9 mil seguidores e já fez 1,7 mil postagens. Segundo uma das sócias da empresa, Carla Bazotti, é difícil mensurar o impacto do "apagão" de cerca de seis horas, mas estima que cerca de 50% dos pedidos deixaram de ser feitos.
— Atualmente, se a empresa não está no digital, não existe. Usamos Instagram e Facebook para compartilhar informações sobre a empresa, gerar engajamento e, consequentemente, converter vendas. O Whatsapp é utilizado para enviar campanhas e também receber pedidos — afirma.
Carla detalha que a empresa tem um e-commerce que serve como canal direto para a venda de produtos. Entretanto, antes de finalizar a compra no site, muitos clientes entram em contato via Whatsapp para tirar dúvidas sobre os pedidos.
Além disso, a área operacional da empresa também foi afetada, porque o aplicativo de mensagens também é utilizado para fazer pedidos a fornecedores e manter contato com os motoboys responsáveis pelas entregas das marmitas.
A alterativa da empresa foi telefonar ou enviar e-mails aos clientes para informar que a loja na Avenida Plínio Brasil Milano estava funcionando normalmente.
Por outro lado, os empreendedores sem e-commerce têm dependência quase total das redes sociais. É o caso da empreendedora Aline Mello, que gerencia a marca MyllaMel — Doces e Salgados.
Segundo Aline, ao menos 10 negociações para encomendas de produtos foram afetadas com a queda do WhatsApp e Instagram.
— Alguns clientes eu consegui adicionar no Telegram. Via Instagram, estava negociando com seis pessoas. Após o retorno, voltamos. Foi bem complicado, pois um dos clientes tem evento amanhã (quarta-feira, 6), e tínhamos menos de 48 horas para decidir o que seria produzido. Acabamos a negociação por volta das 23h — detalha.
O que fazer na próxima
Segundo Fabiano Zortéa, especialista em varejo e consumo do Sebrae-RS, diante de uma situação como a vivida pelos empreendedores, é preciso buscar opções. Canais como SMS (serviço de envio de mensagens curtas) e ligações "tradicionais" devem ser acionados para contatar os clientes. Zortéa pontua que, com a "pausa do relacionamento digital", é fundamental que as empresas direcionem o seu foco para o atendimento presencial.
— Em de vez de ficar aguardando o retorno das redes sociais, é preciso adotar medidas para potencializar o canal digital. As vendas pelos canais físicos ainda representam maioria no volume do país — afirma.
* Colaborou Camila Silva